Os micro-organismos estão presentes em todo o ambiente e estão na origem de determinadas doenças infeciosas, como o vírus herpes simplex que está entre os agentes patógenos que podem agredir a mulher durante a gravidez, com impacto mais ou menos grave na saúde fetal e do bebé.
Herpes simplex na gravidez
O herpes simplex (HS) é um ADN vírus da família dos herpes vírus, apresentando dois subtipos:
- Herpes simplex 1 (HS1) – principal agente causal de herpes labial;
- Herpes simplex 2 (HS2) – principal agente causal do herpes genital, uma das infeções de transmissão sexual mais comum, transmissível por contacto direto.
Período de incubação
O período de incubação é de cerca de uma semana.
Sintomas
A manifestação clássica de herpes são:
- Lesões que se iniciam como pápulas e progridem para vesículas, pústulas e finalmente úlceras;
- Dor:
- Prurido (comichão);
Após a infeção primária, o vírus fica latente no organismo, sendo as recorrências da infeção frequentes.
Diagnóstico
Recolha do vírus nas lesões para isolamento do vírus e cultura.
Rastreio do herpes digital na gravidez
Não está recomendado o rastreio universal do herpes genital na gestação (Direção-Geral da Saúde, 2013). A transmissão vertical mãe-filho pode ocorrer em três períodos:
- Intrauterino (5% dos casos);
- Intraparto – período durante o qual nasce o bebé, desde o início do trabalho de parto até à expulsão da placenta – (85% dos casos);
- Pós-parto (10% dos casos).
Existem um conjunto de fatores que influenciam a transmissão da infeção:
- Tipo de infeção materna (primária – maior risco, ou recorrente);
- Níveis maternos de anticorpos para o herpes simplex;
- Integridade das membranas ovulares, da pele e mucosas;
- Tipo de parto (cesariana ou parto vaginal).
Herpes neonatal
A maior complicação do herpes genital na gravidez é o herpes neonatal que pode ser dividida em três tipos de gravidade crescente:
- Infeção da pele, olhos e boca do bebé (45% dos casos);
- Infeção do sistema nervoso central do bebé, com ou sem afeção da pele, olhos e boca (30% dos casos);
- Infeção sistémica do bebé, envolvendo múltiplos órgãos (35% dos casos).
Infeção intrauterina (durante a gestação)
A infeção intrauterina (durante a gestação) apresenta um prognóstico muito grave com microcefalia, hidranencefalia, coriorretinite e microftalmia, sendo a mortalidade muito elevada e as sequelas graves nos bebés que sobrevivem.
Prevenção primária
- Abstinência sexual (oral, vaginal ou anal);
- Usar sempre preservativo masculino de látex colocado corretamente;
- Evitar sexo oral recetivo com um portador de herpes oral e relações sexuais no 3º trimestre se o homem for portador de herpes genital.
Prevenção da infeção neonatal
Para prevenção da infeção neonatal, aquando de uma infeção primária nas últimas quatro a seis semanas de gravidez e/ou na presença lesões genitais ativas, a maioria das indicações são para cesariana.
Caso o recém-nascido apresente lesões contagiosas, fica em isolamento. A mãe com herpes labial ou estomatite afetosa deverá ser ensinada a não mexer nas lesões e a utilizar uma máscara para cuidar do recém-nascido, lavando as mãos antes e depois de colocar a máscara e antes de mexer no bebé.
Bibliografia: Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica de Manuela Néné, Rosalina Marques, Margarida Amado Batista, Carlos Sequeira – LIDEL, Lisboa, 1ª edição impressa: outubro de 2016