A varicela, também conhecida como catapora, é uma doença altamente contagiosa transmitida por um vírus da família dos herpes vírus. Saiba como pode prevenir a varicela na gravidez e conheça os potenciais riscos para o bebé.
Varicela na gravidez
O vírus varicela zoster pode causar varicela (infeção primária, após a qual o vírus fica latente no organismo nos gânglios nervosos sensitivos) e o herpes zoster (ou zona) provoca reativações ocasionais do vírus.
A infeção tem um período de incubação de 10 a 20 dias e manifesta-se com febre, com ou sem calafrios, mal-estar geral e aparecimento, em dias sucessivos, e em geral na face, nas costas e no peito de máculas avermelhadas que rapidamente vesiculam com um líquido seroso que pode tornar-se purulento.
Após dois ou três dias, estas vesículas (pruriginosas) transformam-se em crostas escuras que desaparecem ao fim de oito dias. As lesões cutâneas podem estender-se a todo o corpo, em especial aos membros.
Como afeta a varicela a gravidez?
Infeção antes das 20 semanas de gestação
A infeção do bebé pelo vírus varicela zoster pode ser responsável pela morte fetal ou por uma doença chamada Síndroma de Varicela Congénita com os seguintes sinais e sintomas:
- Atrofias músculo-esqueléticas;
- Deformações das extremidades associadas a lesões cutâneas;
- Lesões do sistema nervoso central e do sistema nervoso perférico;
- Lesões oftalmológicas – cataratas e coriorretinites;
- Alterações neurológicas – hidrocefalia, microcefalia, calcificações intracranianas.
Se a mãe for infetada antes das 20 semanas da gestação, serão realizadas ecografias mensais para vigiar o bebé e, eventualmente, uma amniocentese para pesquisa de infeção fetal, no líquido amniótico.
Infeção após as 20 semanas de gestação
A infeção fetal pelo vírus varicela zoster é possível após a 20ª semana. Esta infeção pode não apresentar sintomas ou vir a provocar Zona, na infância.
Contacto com pessoa infetada na gravidez
Se está grávida e não tem a certeza se é imune à varicela, o seu médico irá solicitar uma análise ao sangue para diagnóstico. Como é uma doença relativamente comum, o mais provável é que seja imune (cerca de 95% das mulheres em idade reprodutiva estão imunizadas para este vírus, sendo baixa a incidência da infeção na gravidez).
Se o resultado do exame não acusar a presença de anticorpos para a varicela, significa que não é imune e que poderá ter contraído a infeção. Neste caso, será administrada imunoglobulina específica (IGVZ) o mais breve possível – idealmente, nas primeiras 48 horas –, até 96 horas após a exposição ao vírus.
A administração de imunoglobulina tem como objetivo minorar a gravidade da doença materna e reduzir o risco da Síndroma da Varicela Congénita.
O que fazer perante a suspeitar de infeção?
Perante sintomas como erupções cutâneas com bolhas que provocam comichão, febre, mal-estar e fadiga, e se não estiver imunizada contra a varicela, deve recorrer ao seu médico logo que possível. Informe o médico sobre a sua suspeita para evitar o contacto com outras grávidas no consultório.
Se não for convenientemente tratada, a varicela pode dar origem a uma pneumonia e causar problemas no bebé, caso seja a mãe seja infetada numa data muito próxima ao parto.
Como é diagnosticada a infeção no feto?
No 2º trimestre da gravidez, entre as 20 e as 22 semanas+6 dias, irá realizar a denominada ecografia morfológica. Através deste exame, o especialista irá observar os membros e os órgãos do bebé com o objetivo de identificar quaisquer malformações fetais.
Vacina contra a varicela na gravidez
Durante a gravidez não pode ser vacinada contra a varicela. Só depois do parto poderá ser vacinada para proteger uma eventual gravidez futura. A vacina deve ser tomada antes de engravidar (com utilização de métodos contracetivos nos três meses seguintes para evitar uma gravidez).
Como prevenir a varicela na gravidez?
A única prevenção possível consiste em minimizar o risco de contágio. Evitar o contacto próximo com doentes, nomeadamente, crianças com síndroma febril estão entre as medidas recomendadas:
- Evitar o contacto com crianças com sintomas respiratórios ou similares a gripe;
- Evitar trabalhar com crianças com menos de 3 anos de idade;
- Tomar medidas de proteção individual e manipular sempre com muito cuidado produtos de sangue, agulhas e outros objetos cortantes;
- Evitar a proximidade ou contacto íntimo com adultos portadores de doenças contagiosas, com febre ou que tiveram febre recentemente;
- Lavar as mãos frequentemente e, quando possível, esfregar as mãos com álcool em gel depois de dar a mão a uma pessoa e antes de comer.