Cólica na gravidez: causas e quando ir ao médico
A dor abdominal, espasmo ou cólica na gravidez pode ser um sintoma perfeitamente normal mas, também, um sinal de alerta. Pode ocorrer no início da gravidez, momento em que o corpo da mulher está em fase de adaptação ao seu novo estado, no segundo trimestre ou na fase final da gravidez.
Quando a cólica na gravidez é acompanhada por sangramento vaginal, febre ou corrimento vaginal, por exemplo, pode ser um sinal de complicação. Nestes casos, a grávida deve ser observada pelo obstetra para diagnóstico e tratamento adequado.
Cólica na gravidez
A cólica na gravidez pode ter origem em várias causas. Estas podem ser mais ou menos graves pelas eventuais consequências que dai possam decorrer para a própria gravidez.
Quando aparecem na fase inicial da gestação, as cólicas podem ser um sinal de alerta e é necessário procurar ajuda médica para correto diagnóstico. No final da gravidez, as cólicas são, geralmente, um sintoma do início das contrações do trabalho de parto (ver Trabalho de parto ou falso alarme?).
Outras causas possíveis de cólica na gravidez são complicações derivadas de infeções causadas por vírus, intoxicações alimentares, infeções urinárias, apendicite, entre outras.
Cólicas e os trimestres da gravidez
Algumas das causas de dor abdominal na gravidez variam segundo a idade gestacional:
1º trimestre — 1ª -13ª semana, aproximadamente
- Infeção urinária
- Gravidez ectópica (ou gravidez nas trompas ou tubária)
- Aborto espontâneo
2º trimestre — 14ª -26ª semana, aproximadamente
- Pré-eclâmpsia
- Descolamento da placenta
- Falsas contrações do trabalho de parto
3º trimestre — da 27ª semana ao nascimento do bebé
- Prisão de ventre
- Gases
- Dor no ligamento redondo
- Início do trabalho de parto
Cólica na gravidez — 1º trimestre
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Infeção urinária
A pressão causada pelo útero em expansão e o relaxamento muscular provocado pelas hormonas tornam mais fácil a passagem das bactérias intestinais para o sistema urinário e causar infeções urinárias.
A pressão aguda no baixo-ventre, vontade de urinar com frequência, dor, dificuldade ou ardor ao urinar, odor desagradável ou a urina turva são alguns dos sintomas de infeção urinária.
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Gravidez ectópica ou gravidez tubária
Uma gravidez ectópica ocorre quando o embrião se implanta e desenvolve fora do útero. Na maioria dos casos, o embrião implanta-se numa das trompas de Falópio, mas também é possível que o faça nos ovários, no canal cervical ou no abdómen.
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Aborto espontâneo
O aborto espontâneo, ou interrupção involuntária da gravidez, é a expulsão espontânea do embrião ou do feto antes de ele ser capaz de viver fora do útero.
Sintomas como dor abdominal, cãibras no baixo-ventre ou nas costas, sangramento vaginal forte ou perdas ligeiras de sangue por mais de 3 dias ou vómitos intensos devem levar a grávida a procurar ajuda médica imediata.
Cólica na gravidez — 2º trimestre
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Pré-eclâmpsia
A pré-eclâmpsia ocorre somente na gravidez, geralmente na segunda metade da gestação, depois das 20 semanas e durante o período imediatamente a seguir ao parto (no puerpério – período que decorre entre o nascimento até 28 dias após o parto).
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Descolamento prematuro da placenta
O descolamento da placenta ocorre quando a placenta se separa prematuramente da parede uterina. Se o descolamento for grave, pode haver risco para o bebé porque deixa de receber os nutrientes e oxigénio de que necessita para viver.
Sintomas como cãibras ou dores abdominais, sensibilidade no útero, sangramento (que pode ser ligeiro ou abundante, com ou sem coágulos), dores de costas ou no abdómen devem ser comunicados ao médico imediatamente.
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Falsas contrações do trabalho de parto
As falsas contrações do parto ou contrações de Braxton-Hicks, são contrações esporádicas, irregulares e indolores. Pode sentir a barriga dura por momentos, relaxada, e dura novamente. As falsas contrações podem surgir por volta das 20 semanas de gestação e intensificar-se na transição do 2º para o 3º trimestre.
Cólica na gravidez — 3º trimestre
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Prisão de ventre
A prisão de ventre é uma queixa comum na gravidez e no pós-parto. Para além da dificuldade em defecar pode sentir cólicas, pressão no baixo-ventre, espasmos intestinais e gases, o que agrava ainda mais o desconforto.
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Gases
Durante a gravidez e no pós-parto, a distensão dos músculos e dor nervos da zona pélvica pode fazer com que seja mais difícil controlar as fezes e os gases. Por norma, o problema resolve-se por si só, quando os músculos e os nervos recuperam ao fim de algumas semanas.
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Dor no ligamento redondo
A dor no ligamento redondo ocorre devido ao estiramento dos músculos e dos ligamentos que sustentam o útero. À medida que o bebé cresce e precisa de mais espaço, estes músculos e ligamentos esticam.
Pode sentir um desconforto nos lados do baixo-ventre, cãibras abdominais fortes ou ligeiras, que não passam, especialmente quando se levanta da cama, de uma cadeira ou quando tosse ou espirra. A dor pode ser passageira ou prolongar-se por algumas horas.
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Início do trabalho de parto
No final da gestação, o início do trabalho de parto é a principal causa para a dor abdominal. Em conjunto com outros sintomas, pode ser um sinal de que o nascimento do seu bebé está para breve..
Como aliviar a cólica na gravidez?
O seu médico poderá receitar certos medicamentos para aliviar os sintomas ou prescrever outras terapêuticas como descanso e repouso na gravidez.
- Saiba mais sobre como aliviar os incómodos da gravidez nas nossa secção dedicada a este tema.
Quando procurar ajuda médica?
Perante certos sintomas que acompanham as cólicas é recomendado consultar o obstetra ou procurar ajuda médica numa urgência hospitalar:
- Quando as cólicas não passam com repouso;
- Quando as cólicas não melhoram com a mudança de posição;
- Dor abdominal antes das 12 semanas de gestação, com ou sem sangramento vaginal;
- Quando as cólicas são muito dolorosas e intensas;
- Dor de cabeça forte e tonturas;
- Tornozelos, pés e rosto mais inchados do que o normal;
- Quando são acompanhadas por outros sintomas como sangramento ou corrimento vaginal, febre, arrepios, vómitos, dor ao urinar ou urina com sangue.
Se sentir um aumento na pressão pélvica, sangramento vaginal ou secreção abundante, ou se não sentir o seu bebé a mexer, deve dirigir-se ao hospital de imediato, independentemente do tempo de gravidez.