As autoridades espanholas vão investigar o presumível roubo de 58 bebés ao longo de várias décadas. A investigação vem na sequência de uma denúncia coletiva feita por diversas associações de vítimas, apurou o jornal espanhol, La Vanguardia, citando a agência noticiosa EFE.
Numa carta enviada a Maria Mercedes Morales, coordenadora da plataforma Fórum Internacional de Vítimas de Desaparecimentos Infantis Forçados, o Ministério Público espanhol informa que as autoridades espanholas irão investigar os presumíveis casos de desaparecimentos de crianças entre 1952 e 1987.
A denúncia foi apresentada em novembro passado e representa 56 vítimas. São mães que procuram os filhos, filhos que procuram as mães e irmãos que procuram irmãos. Os casos terão ocorrido em vários pontos de Espanha, da Galiza à Andalúcia, passando pelas ilhas Canárias.
O processo contará com a investigação da falsificação de documentos, falsificação de partos, alteração da filiação e violência de género.
Com efeito, a denúncia sublinha que “a violência sofrida pelas mães no momento do seu parto era parte da subordinação a que estavam submetidas de forma cotidiana e normalizada em todas as estruturas da sociedade do franquismo, franquismo tardio e na transição”.
São mães que procuram os filhos, filhos que procuram as mães e irmãos que procuram irmãos
Na carta enviada pelo procurador-chefe do Secretariado Técnico do Ministério Público espanhol, Álvaro García Ortiz, a Maria Mercedes Morales, o responsável garante que “o Ministério Público assumiu com especial compromisso a obrigação de dar resposta a todas aquelas mães, filhos e famílias que suspeitam ter sido vítimas de um presumível roubo de menores recém-nascidos (…)”.
O Ministério Público recordou ainda que alguns dos casos denunciados foram já arquivados. Contudo, indica, as diligências efetuadas em cada caso serão analisadas “individualmente”. Esta análise é feita sem prejuízo da “possibilidade de reabertura em caso de surgimento ou descoberta de novas pistas”.
Os presumíveis desaparecimentos poderão ter envolvido pessoal médico hospitalar, nomeadamente médicos e enfermeiros, presentes nos partos dos bebés desaparecidos.
Ao longo de 30 anos, a própria María Mercedes Morales acreditou que a sua filha tinha morrido logo à nascença. No entanto foi posto a descoberto um esquema que terá levado ao desaparecimento da bebé. Este esquema terá também envolvido pessoal médico hospitalar.