Caminhar na natureza, no meio do verde e do fresco, ajuda à comunicação familiar. Esta é a conclusão de vários estudos, que demonstram que a natureza facilita a comunicação entre pais e filhos. Mesmo com o tempo a arrefecer, não deixe de incluir estes momentos na rotina familiar.
Em março deste ano foi publicado um estudo denominado “Os benefícios ativos e de conversação de uma caminhada na natureza entre as díades mãe-filha”, que demonstra que a natureza restaura a capacidade de as pessoas prestarem mais atenção às conversas e reduz a fadiga mental.
Uma equipa da Universidade de San José, nos Estados Unidos, liderada pela professora de desenvolvimento infantil e adolescente, Dina Izenstark, comparou caminhadas de 20 minutos ao ar livre e dentro de casa de 28 pares de mães e filhas. Foi expressada menos negatividade durante a caminhada na natureza, onde também os tópicos discutidos foram mais neutros.
Os investigadores descobriram também que fazer uma caminhada na natureza não melhora o humor e a atenção entre mães e filhas apenas durante o momento do passeio. O efeito perdura no tempo. Todas as mulheres do estudo revelaram um sentimento maior de união no final.
Em 2017, Dina Izenstark já havia concluído que passar tempo na natureza com uma crianças, mesmo que durante periodos de tempo curtos, tinha o poder de fortalecer vínculos entre pais e filhos e a coesão familiar. Em 2018, no Reino Unido, uma equipa de lingística da Universidade de Manchester, gravou e analisou dezenas de passeios ao ar livre, entre pais e filhos de três e quatro anos.
O estudo concluiu que a comunicação entre progenitores e crianças funciona melhor em ambientes naturais. Trazer de casa traz inúmeros benefícios às crianças, além da diminuição do risco de obesidade. Com mais tempo ao ar livre, os níveis de felicidade, inteligência e criatividade.
Richard Louv, co-fundador da Children and Nature Network, organização de educadores dedicada a aproximar as crianças da natureza, refere que “há algo em estar no mundo natural que melhora o desenvolvimento cognitivo e a saúde física e mental”.
Louv cunhou o termo “transtorno do défice de natureza”, e é também autor de vários livros sobre a temática. Acredita que tempo passado ao ar livre ajuda as crianças a desenvolver os seus níveis de auto-confiança, dar mais tranquilidade e a reduzir o stress.
Na base destas afirmações está a “biofilia”, popularizada pelo biólogo, naturalista e escritor americano Edward O. Wilson, em 1984. Biofilia vem do grego bios, vida, e philia de amor. Wilson defende que os humanos têm uma tendência inata de buscar ligações com natureza e outras formas de vida. Porque evoluímos em ambientes naturais, é neles que prosperamos.
1 de outubro 2021