O Dia Internacional da Grávida assinala-se a 9 de setembro: o dia nove do mês nove, o algarismo com maior simbolismo na vida de futuras mães. Durante os últimos 18 meses, muitas gestantes viveram o seu período de gravidez em plena pandemia de Covid-19, com muitas alterações nas rotinas hospitalares e até nos processos que envolvem o parto.
Durante todas as fases de mitigação da pandemia, as normas impostas a grávidas e acompanhantes foram mudando. Desde o início da pandemia em março de 2020, até outubro do mesmo ano, foram muitas as mulheres que não puderam ter um acompanhante durante consultas e mesmo durante o durante o parto.
Foram muitas as que foram diagnosticadas com Covid-19, e que viveram na incerteza das consequências da infeção para os seus bebés. Outras viveram semanas na dúvida da melhor postura a ter em relação à vacinação. É provável que não seja uma coincidência, o facto de o primeiro semestre deste ano de 2021 ter registado a natalidade mais baixa dos últimos 30 anos.
Durante os primeiros seis meses de 2021, nasceram 37.675 bebés em Portugal, menos 4474 do que durante o mesmo período do ano passado. Os dados, recolhidos no âmbito do Programa Nacional de Rastreio Neonatal (PNRN), foram divulgados pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge.
Nos primeiros meses do ano, um estudo britânico abordou a questão das novas mães, as que tiveram o primeiro filho, terem o dobro da probabilidade de passarem por depressão na gravidez e no pós-parto. A pesquisa foi feita pelo College London e comparou o primeiro semestre de 2020 com o período pré-pandemia.
A depressão na gravidez e pós-parto aumentou, na Europa, de 23% para 47,5%, em mães com bebés até aos 6 meses de vida.
Os investigadores entrevistaram 162 mães de forma remota, através de um questionário e também com uma lista que elas fizeram, de 25 pessoas com quem poderiam contar no pós-parto, descrevendo a forma como interagiam com elas durante o período: se por telefone, mensagens, presencialmente, por vídeo-chamada etc.
As mães que não podiam dividir os cuidados natais com os pais dos bebés, ou que não tinham uma rede de apoio a auxiliá-las com, por exemplo, tarefas domésticas, afirmaram sentir solidão, preocupação, exaustão, culpa ou inadequação no seu novo papel.
Revelou-se uma preocupação excessiva com o impacto que o isolamento social imposto pelo confinamento por causa da pandemia de Covid-19, pode ter no desenvolvimentos dos bebés. As mais afetadas pelo isolamento foram as mães com o primeiro filho. As mães que tiveram mais contactos, interações e apoio de pessoas próximas relataram menos sintomas depressivos.
O Dia Internacional da Grávida obriga a um período de reflexão acerca das lições aprendidas durante o período de pandemia. Torna-se importante pôr em prática um plano de ação que proteja grávidas e bebés, que preveja o que fazer em situações de crise de saúde pública, para que a violência obstétrica não seja associada a um momento tão feliz,
9 de setembro 2021