O Instituto de Apoio à Criança (IAC) inicia esta terça-feira uma campanha para combater a violência contra as crianças, nomeadamente castigos corporais. Esta entidade condena este tipo de castigos, que continua a ser tolerado e alerta para lesões deixadas nos mais pequenos.
Segundo anunciou o Instituto de Apoio à Criança, o calendário de iniciativas para assinalar esta campanha será divulgado em breve. O IAC deixa o alerta de que “não obstante serem expressamente proibidos pela nossa lei penal desde 2007, os castigos físicos continuam a ser desvalorizados e tolerados, sob diversos pretextos, o que é inaceitável, face aos conhecimentos que já possuímos e que demonstram os efeitos negativos da violência”.
“Quer a nível da família, quer noutros contextos, ainda persistem ideias relacionadas com a chamada palmada pedagógica, parecendo existir ainda a convicção de que se educa batendo”, acrescenta o IAC.
O Instituto denuncia que práticas de castigos corporais, mesmo as “aparentemente menos graves, assumem por vezes uma enorme perigosidade, pois em crianças muito pequenas podem gerar sérias lesões, que, por vezes, nem sequer foram desejadas pelo agressor. Por outro lado, a criança vítima desta forma de violência apresenta com frequência baixa auto-estima e vai-se convencendo que a violência é uma forma adequada para resolver conflitos”.
É denunciada a banalização da violência que o IAC considera desvalorizar o sofrimento da vítima, “que não raro mostra dificuldades de relacionamento e pode causar ausência de empatia e reproduzir-se em ciclos intergeracionais, com repercussões futuras preocupantes que vão desde o facilitar situações de ‘bullying’ na escola ou no ciberespaço, e até conduzir à violência no namoro e à violência nas relações de intimidade”.
A campanha vai decorrer durante todo o ano de 2022, com um conjunto de ações que visa sensibilizar famílias, sociedade e Estado. O Instituto de Apoio à Criança nota que “não é justo que as crianças permaneçam reféns de práticas anacrónicas, violadoras dos seus direitos fundamentais. Ninguém pode ficar indiferente. As crianças têm direito a uma vida sem violência”.
22 de fevereiro 2022