Os portugueses estão a adiar cada vez mais o projeto de construir família. Segundo o jornal Público, dos mais de 930 mil bebés nascidos na última década, cerca de 7% dos casos eram de mães com mais de 40 anos de idade.
Em 2013, as crianças nascidas de mães pós-40 eram apenas 3.881, mas em 2023 esse número subiu para 6.989, o que representa um aumento de cerca de 80%.
“Os filhos já não acontecem por acaso. São muito planeados. Não é que estejamos zangados com as crianças. Queremos é tê-las numa altura em que as possamos aproveitar. E isso implica que disponhamos de algo de que não se fala muito: tempo. E o fator tempo é algo que, nas idades centrais, é muito consumido pelo trabalho”.
Maria João Valente Rosa, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Em dez anos, a idade média da mãe ao nascimento de um filho aumentou 11 meses: de 31,2 anos em 2013 para 32,1 anos em 2023.
“As mulheres chegam a uma idade em que são obrigadas a pensar: é agora ou nunca. É por isso que os primeiros nascimentos estão a aumentar nestas idades tardias. Entre os 40 e os 44 anos, a proporção de primeiros filhos era de 30,6% em 2013 e aumentou para os 32,6% em 2023. Dos 45 aos 49 anos, os primeiros filhos passaram de 34% para 48% nestes mesmos dez anos”, acrescenta a especialista.
Para além disso, foi registado outro fenómeno cada vez mais frequente no nosso país, já que, nos últimos dez anos, mais de 17% dos bebés nasceram de pais que não viviam juntos. As famílias monoparentais femininas também já representam mais de 80% do cenário em Portugal.