Com a violência armada registada em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, mais de 250 mil crianças deslocadas estão em situação de vulnerabilidade. O alerta parte do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
A situação de vulnerabilidade significa que o risco de doenças e subnutrição é alto.
“A agência das Nações Unidas para a infância está preocupada com o facto de os serviços de água, higiene e saneamento serem insuficientes para responder às necessidades crescentes das crianças que vivem em centros de acolhimento temporários superlotados”, refere uma nota do Unicef distribuída junto da comunicação social e divulgada pela RTP.
Para a UNICEF, o risco de as crianças afetadas por violência em Cabo Delgado, o risco de contrair doenças é bastante elevado, sobretudo agora que começa a época chuvosa em Moçambique.
Segundo o mesmo documento, doenças “como diarreia, que são facilmente evitadas e tratadas, podem ser fatais para as crianças deslocadas, sem acesso a água e saneamento adequado e ainda mais em caso de crianças que sofrem de subnutrição”.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância pede financiamento de 30 milhões de dólares (cerca de 25 milhões de euros), para ir de encontro às necessidades mais urgentes.
Beatriz Imperatori, diretora executiva da UNICEF Portugal conta com a solidariedade dos portugueses. “Para podermos ajudar, contamos mais uma vez com o apoio dos portugueses que sempre responderam de forma extremamente positiva aos nossos apelos para este povo-irmão”.
A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos.
Os principais problemas concentram-se sobretudo na capital provincial de Pemba. Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo jihadist do Estado Islâmico desde 2019.
A Organização das Nações Unidas anunciou, na semana passada, que precisava de um total de 254 milhões de dólares (cerca de 207 milhões de euros) para garantir a assistência humanitária às populações deslocadas devido a violência armada em Cabo Delgado.
23 de dezembro 2020