Ao ouvir a palavra histerotomia provavelmente sente um arrepio. Mas existe histerotomia e histerectomia. Apenas duas letras diferenciam estas duas palavras. Embora relacionadas, são procedimentos distintos, São intervenções levadas a cabo devido a causas distintas e por conseguinte têm finalidades também distintas. Neste artigo ficará a saber o que é uma histerotomia, como se processa e qual a finalidade.
O que é uma histerotomia?
Uma histerotomia é um procedimento cirúrgico de grande porte, que consiste numa incisão no útero. Esta técnica é usada em problemas médicos em que é necessário aceder ao útero ou ao feto dentro do útero.
A finalidade da histerotomia é a remoção de tecidos no interior do útero. Este procedimento cirúrgico é efetuado sob anestesia geral. Os fatores que condicionam este tipo de intervenção cirúrgica numa mulher podem ser vários: cirurgia ao feto durante a gravidez, aborto retido, parto por cesariana, e outros procedimentos ginecológicos.
Histerotomia e histerectomia
Embora sejam termos tão semelhantes que se podem confundir, histerotomia é um procedimento distinto da histerectomia.
Assim, estes procedimentos cirúrgicos consistem no seguinte:
- Histerotomia – remoção de conteúdo que se encontra dentro do útero
- Histerectomia -remoção total ou parcial do próprio útero, incluindo ou não outros órgãos do aparelho reprodutor feminino
A histerotomia pode fazer parte de uma histerectomia.
O tipo e localização da incisão também é diferente para cada um destes procedimentos cirúrgicos. Assim, na histerotomia, a incisão é efetuada unicamente através do abdómen. Esta incisão é normalmente mais pequena em relação à incisão efetuada para a histerectomia.
Para que serve uma histerotomia?
Como vimos acima, a histerotomia é efetuado nas seguintes circunstâncias:
- Parto por cesariana
- Cirurgia fetal
- Aborto retido
- Outros procedimentos ginecológicos
A histerotomia é a técnica de eleição usada em procedimentos cirúrgicos a fetos. Adicionalmente, se o útero necessitar de uma intervenção cirúrgica durante uma gravidez, esta técnica é também usada preferencialmente. O mesmo se aplica a um aborto efetuado após o primeiro trimestre de gravidez ou um aborto retido.
Contudo, as aplicações deste tipo de técnica cirúrgica não se esgotam nestas situações. A histerotomia está, pois, indicada em grávidas que sofram hemorragias durante o segundo trimestre da gravidez. Finalmente, este procedimento é usado ainda em caso de indução de trabalho de parto falhada após uma cirurgia ao útero.
Aplicação na cirurgia fetal
Por vezes é necessário intervencionar o feto dentro do útero devido a um determinado médico. Quando o feto está ainda longe de estar preparado para nascer, a histerotomia permite intervencioná-lo dentro do útero. Assim, o feto pode permanecer dentro do útero até reunir as condições necessárias para sobreviver no exterior.
Os problemas que o feto pode desenvolver dentro do útero podem ser vários, alguns deles até graves. A histerotomia é usada nalguns dos casos abaixo. Noutros, graças aos avanços na área da medicina, podem ser feitos através cirurgia minimamente invasiva, que requer uma incisão muito pequena. Este procedimento é bantante menos traumático quee uma “cirurgia a céu aberto ao feto”:
- Defeitos no tubo neural
- Tumor fetal
- Doença cardíaca congénita
- Teratoma sacrococcígeo
- Obstrução no trato urinário
- Sequestro pulmonar
- Síndrome de Transfusão Feto Fetal (STFF)
- Hérnia diafragmática congénita
Como é efetuada uma histerotomia?
A histerotomia só é usada se não houver outro método alternativo de tratamento. Este procedimento é o último recurso pois acarreta riscos graves.
Se a histerotomia for efetuada no contexto de cirurgia fetal, a grávida é submetida a exames antes da operação, como ecografia e amniocentese,. O feto é também observado para verificar se pode ser submetido à cirurgia.
No caso de parto por cesariana programada, a grávida é antecipadamente submetida a análises ao sangue no caso de ser necessária uma transfusão de sangue. Poderão ser necessários outros exames dependendo do estado da paciente.
Este procedimento, pois, é realizado mediante anestesia geral ou local. Se a anestesia for local, a paciente mantém-se desperta durante toda a cirurgia. É o caso da cesariana, em que a grávida fica anestesiada da cintura para baixo e mantém-se consciente e desperta durante o parto todo.
Quais são as complicações possíveis?
Existem potenciais riscos e complicações graves associados à histerotomia. Por isso é que este tipo de procedimento cirúrgico é usado como último recurso. Assim, uma grávida que é submetida a uma histerotomia apresenta o potencial risco de:
- Parto prematuro
- Trombose
- Hemorragia
- Peritonite
- Embolismo pulmonar
- Rutura da cicatriz numa gravidez posterior
- Reação alérgica à anestesia