Quantas vezes recebeu uma resposta seca do seu filho à pergunta “Como foi o teu dia?”. Muitos pais queixam-se das respostas vazias que os filhos dão depois de um longo dia na escola.
Se questionarem se aconteceu alguma coisa, as crianças negam logo, não deixando espaço para mais diálogo e surgem as típicas dúvidas: “Terá acontecido alguma coisa?”, “Porque é que não me conta nada?”, “Estará a esconder-me algo?”, “Se tivesse um problema, falaria comigo?”, “Se estiver a sofrer, saberei a tempo de ajudar?”
Muitas vezes, esta incerteza e preocupação são levadas ao extremo pelos progenitores e podem gerar atitudes e “bolhas de proteção”. Por isso, em vez de ficar a magicar cenários negativos, que tal transformar estas questões num diálogo mais aberto?
Lynne M. Webb, da Florida International University, nos Estados Unidos, defende que as questões de “sim” ou “não” devem ser evitadas nestes casos, pois não são propícias a troca de experiências nem a partilha de conhecimento entre adultos e crianças.
Perguntas diversificadas e que promovam diálogo
Como tal, a especialista em comunicação sugere fazer perguntas mais interessantes do ponto de vista do conteúdo que possa vir a receber: “Qual foi a melhor coisa que te aconteceu hoje na escola? E a pior?”, “Queres contar alguma situação engraçada?”, “Alguma coisa fez-te ficar triste ou chateado?”, “O que aconteceu hoje e que não estavas a contar?”, “O que aprendeste com a professora?”, “Com que colega brincaste hoje? Os teus amigos estão a gostar da escola?”.
Há mil e umas perguntas que pode colocar aos seus filhos sem ser se tornar repetitivo. Apesar de serem questões muito específicas, todas têm o mesmo objetivo: a partilha de histórias e opiniões dos mais pequenos.
Estas questões podem e devem fazer parte de um ritual entre os pais e a criança, nomeadamente durante caminho de regresso da escola para casa. A ideia é as crianças serem incentivadas a partilhar informação com os pais, o que contribuiu para melhorar as suas habilidades comunicacionais, enquanto percebem que há espaço para diálogo e que podem falar abertamente sobre qualquer tema.
Suporte o seu filho durante este processo ao dar feedback positivo e ao estimular a continuidade da conversa: “E depois, o que aconteceu?”, “Como é que isso te faz sentir?”, “E gostavas que isso acontecesse contigo?”, “Achas que isso vai resultar?”, “Como reagiram os teus colegas?”, são apenas alguns exemplos de perguntas que pode colocar.
Seja compreensivo e dê feedback
Lembre-se de escutar atentamente o que a criança diz. Mostre-se recetivo, atento e compreensivo para que a criança o vejo como um amigo e confidente. Esta atitude é também importante para que a criança se sinta importante, ao saber que tem temas relevantes para partilhar com adultos e que é ouvida.
Caso não concorde com alguma afirmação ou pretenda corrigir um comportamento ou atitude, pense na melhor maneira de o fazer, promovendo, ao mesmo tempo, um clima de confiança e aceitação entre as duas partes.
Em suma, se desejar ser o confidente do seu filho, faça perguntas específicas, ouça as respostas com a mente aberta e promova a comunicação como parte integrante da vossa relação e enquanto experiência positiva.