Saiba o que é a alergia alimentar, quais são os alimentos envolvidos, em que idades se manifesta, os sintomas e como é feito o tratamento com a ajuda da nossa nutricionista, Dra. Inês Pádua.
O que é a alergia alimentar?
O que é a alergia alimentar?
A alergia alimentar é uma reação que ocorre quando o organismo reconhece um alimento como um agressor. Neste processo está envolvido o sistema imunológico.
O nosso sistema imunológico é responsável pela defesa contra as doenças e tem como função reconhecer e eliminar agentes patogénicos como os vírus, por exemplo. No caso de uma alergia alimentar o sistema imunológico reconhece erradamente um alimento como agressor e é desencadeada a reação alérgica.
Quais são os alimentos envolvidos?
Os alimentos mais frequentemente envolvidos são:
Leite de vaca, ovo (os mais frequentes nas crianças), trigo, soja, amendoim e frutos de casca rija (conhecidos como “frutos secos”: noz, amêndoa, avelã,…), peixe e marisco.
Embora estes alimentos sejam responsáveis pela maioria das reações, poderá existir alergia alimentar a outros alimentos de forma menos prevalente.
Adicionalmente, existe uma manifestação particular de alergia alimentar denominada síndrome de alergia oral que se caracteriza pelo aparecimento de sintomas (como edema e prurido) apenas na zona da boca e garganta, após o consumo de frutos frescos (maçã, pêssego, kiwi,…) e hortícolas (pepino, cenoura,…).
Em que idades se manifesta?
A alergia alimentar pode manifestar-se em qualquer idade, sendo mais prevalente nas crianças.
Nas crianças a alergia manifesta-se nos primeiros anos de vida, contudo é importante reter que algumas das alergias tem uma resolução espontânea até à idade escolar, isto é, as crianças acabam por conseguir tolerar o alimento em questão de uma forma natural.
Esta aquisição de tolerância depende das características de cada criança e também do alimento implicado (é mais frequente adquirir tolerância ao leite do que ao marisco).
Quais são os sintomas da alergia alimentar?
As manifestações clínicas da reação alérgica podem variar de moderadas a graves, podendo ser fatais em alguns casos se não forem convenientemente tratadas.
Os sintomas surgem rapidamente (entre alguns minutos até duas horas após a ingestão do alimento) e podem incluir manifestações:
- Cutâneas (eczema, urticária, edema na pele);
- Respiratórias (pieira, dificuldade em respirar);
- Gastrointestinais (diarreia e vómitos);
- Cardiovasculares (diminuição da pressão arterial e perda de consciência).
Quando a reação é severa e sistémica (generalizada), estamos perante uma reação anafilática.
Alergia alimentar e Intolerância alimentar são a mesma coisa?
Não, alergia alimentar e intolerância alimentar são diferentes. Ao contrário da alergia, a intolerância alimentar não envolve o sistema imunológico.
A situação de intolerância mais comum é a intolerância à lactose que não está relacionada com a alergia ao leite. Na intolerância à lactose o organismo não consegue fazer a digestão de lactose que é um açúcar natural presente no leite.
As manifestações da intolerância são geralmente gastrointestinais (diarreia e desconforto abdominal).
Como é diagnosticada a alergia alimentar?
O diagnóstico de alergia alimentar é feito com base na história clínica do doente e em exames complementares prescritos por médicos habilitados e realizados em ambiente hospitalar (provas de provocação oral, testes cutâneos por picada e picada / picada, doseamento de imunoglobulinas (IgE) específicas no sangue).
Todo este processo deve ser acompanhado por um médico especialista em Imunoalergologia.
Como é tratada a alergia alimentar?
Depois de estabelecido o diagnóstico da alergia alimentar por parte do médico, o tratamento atual e primordial consiste na eliminação do alimento na dieta, de acordo com orientação clínica.
Nesta dieta de evicção devem ser excluídos não só os alimentos implicados na sua forma “natural”, mas também todos aqueles que os contenham. Como exemplo, no caso de alergia ao leite de vaca deverá ser excluído não só o leite como também todos os derivados (manteiga, queijo, iogurte, natas) e alimentos / pratos com leite (bolo, bolachas, bacalhau com natas,…).
No processo de evicção o doente deverá ter acompanhamento por parte de um nutricionista de forma a evitar carências nutricionais.
Existe tratamento de emergência em caso de reação grave?
Sim. No caso de ocorrência de reações alérgicas graves, tais como a anafilaxia, deve ser assegurada a administração correta e atempada de adrenalina, normalmente através de uma injeção intramuscular (geralmente na parte externa da coxa).
Mediante prescrição, os doentes com alergia alimentar grave (e os seus pais /cuidadores) devem transportar sempre consigo a caneta de adrenalina (dispositivo de autoinjeção).
Mini-dicionário
- Eczema: também chamado “dermatite”- inflamação na pele
- Edema: “inchaço”
- Pieira: “chiadeira” – ruído ao respirar
- Prurido: “comichão”
- Urticária: inflamação da pele com prurido
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