A educação intuitiva ou educação com apego (do inglês “attachment parenting”) é uma expressão do pediatra William Sears que, inspirada na teoria do apego do pedopsiquiatra Jonh Bowly, define um conjunto de princípios que definem o conceito da “educação com apego”.
Educar com apego
De acordo com a organização Attachment Parenting International (API), a educação com apego é um sistema de educação ou estilo parental, que se constituí por oito princípios:
- Preparar-se para a gravidez, para o parto e para a educação
- Alimentar com amor e respeito
- Responder com sensibilidade
- Promover o contacto físico
- Garantir um sono física e emocionalmente seguro
- Proporcionar cuidados amorosos consistentes
- Praticar a disciplina positiva
- Procurar um equilíbrio entre a vida pessoal e a vida familiar
1. Preparar-se para a gravidez, para o parto e para a educação
Os pais devem prepara-se emocional e fisicamente para a gravidez e para o parto. Há muita informação disponível sobre estes temas e é essencial que os pais se informem sobre a gravidez, parto e cuidados ao recém-nascido.
Conhecer as fases do desenvolvimento infantil também ajuda os pais a estabelecer expectativas realistas e a manter a flexibilidade necessária na avaliação das crianças, com a consciência de que cada uma se desenvolve ao seu próprio ritmo.
2. Alimentar com amor e respeito
A amamentação é a melhor forma de satisfazer as necessidades nutricionais e emocionais de uma criança. Incentive os bebés e as crianças a comer quando estão com fome e a parar quando estão satisfeitos.
Ofereça escolhas alimentares saudáveis e seja um modelo de comportamento alimentar saudável.
3. Responder com sensibilidade às necessidades da criança
Construa a relação com o seu bebé com base na confiança e empatia desde o momento do nascimento. Sintonize-se com aquilo que o seu filho lhe está a comunicar e responda-lhe de forma consistente e adequada.
Não se pode esperar que os bebés aprendam a auto consolar-se sozinhos. Eles precisam de pais calmos, amorosos e empáticos que os ajudem a aprender a regular as suas emoções.
Responda de modo sensível quando a criança está em sofrimento ou quando expressa emoções fortes e compartilhe os seus momentos de alegria.
4. Promover o contacto físico
O toque responde às necessidades de contacto físico, carinho, segurança, estimulação e movimento do bebé. O contacto pele-a-pele é especialmente eficaz, como quando amamenta, banha ou massaja o bebé.
Abraçar, embalar, transportar o bebé num pano porta-bebés (slings), aconchegar, massajar e os jogos físicos ajudam a satisfazer a necessidade de movimento dos bebé e das crianças (ver Babywearing: o lugar do bebé é no colo).
5. Um sono física e emocionalmente seguro
Os bebés e as crianças têm necessidades durante a noite, assim como de dia: sentem fome, solidão e medo, têm calor ou frio. E contam com a disponibilidade dos pais para os acalmar e ajudar a regular as suas emoções mais intensas.
As técnicas de treino do sono podem ter efeitos fisiológicos e psicológicos prejudiciais. Partilhar a cama com o bebé em segurança tem benefícios tanto para os pais como para os bebés.
6. Proporcionar cuidados amorosos consistentes
Os bebés e as crianças pequenas sentem uma intensa necessidade da presença física de um cuidador amoroso, consistente e responsivo: idealmente, o pai ou a mãe.
Se for necessário, escolha um cuidador que já desenvolveu um vínculo afetivo com a criança e que cuida dela de modo a reforçar a relação de apego. Mantenha horários flexíveis e minimize o stress e o medo provocados por separações curtas.
7. Praticar a disciplina positiva
A disciplina positiva ajuda a criança a desenvolver uma consciência guiada pela sua própria disciplina interior e pela compaixão pelos outros. A disciplina que é compreensiva, carinhosa e respeitosa fortalece a ligação entre pais e filhos.
Em vez de reagir por impulso a um determinado comportamento da criança, descubra as necessidades que conduzem a esse mesmo comportamento. Comunique e elabore soluções em conjunto, mantendo a dignidade de todos intacta.
8. Procurar um equilíbrio entre a vida pessoal e a vida familiar
É mais fácil ser emocionalmente responsivo quando estamos em equilíbrio. Crie uma rede de apoio, defina metas realistas, coloque as pessoas em primeiro lugar e não tenha medo de dizer “não”.
Reconheça, na medida do possível, as necessidades individuais de todos os membros da família sem, contudo, comprometer a sua saúde física e emocional.
Seja criativo, divirta-se em ser pai / mãe e não se esqueça de tirar algum tempo para cuidar de si mesmo.
Referências: “Attachment Parenting International”, artigo API’s Eight Principles of Parenting; “Crescer Juntos – da infância à adolescência com carinho e respeito”, Carlos González, edições Pergaminho, 2016.