Se está a tentar engravidar, a fertilidade do seu companheiro é tão importante como a sua para conseguirem conceber um bebe saudável. As anomalias no sémen são a principal causa de infertilidade masculina mas existem várias soluções para ultrapassar este problema. Conheça os principais problemas que afetam a fertilidade masculina e quando pode ser necessário recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida.
Estima-se que 20 a 30% dos problemas de infertilidade do casal podem ser responsabilidade do homem, apesar de o foco estar ainda muito centrado na mulher. Tal como ela, o homem deve preparar-se antecipadamente para a conceção, adotando um estilo de vida saudável (sem tabaco, álcool ou drogas), vigiando o peso e alimentando-se de forma equilibrada e saudável.
Caso existam antecedentes de doenças de origem cromossómica (síndrome de Down, síndrome de Edwards, síndrome de Patau, por exemplo) na família ou casos de infertilidade, o homem deverá marcar uma consulta com o médico para avaliação e despiste de anomalias que possam dificultar a conceção ou o nascimento de um bebé saudável.
Problemas que afetam a fertilidade masculina
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR), as principais causas dos problemas que afetam a fertilidade masculina estão relacionados com a qualidade do sémen, ou seja, quando há poucos espermatozoides ou eles não têm as características adequadas, nomeadamente:
- Diminuição do número de espermatozoides;
- Espermatozoides com mobilidade reduzida;
- Espermatozoides com configuração anormal;
- Ausência de espermatozoides.
Estas anomalias do sémen podem dever-se a fatores genéticos, hormonais, infeções, lesões ou intervenções cirúrgicas no aparelho genital (testículos, zona inguinal).
Problemas que afetam a fertilidade masculina
1. Baixa quantidade de espermatozoides
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1992), para que o esperma seja saudável deve haver mais de 20 milhões de espermatozoides por mililitro. Quantidades abaixo deste valor podem reduzir as hipóteses de conceber. Em condições normais, um homem produz mais de 100 milhões de espermatozoides em cada ejaculação.
2. Movimento reduzido de espermatozoides
Ainda segundo a OMS (1992), dos mais de 20 milhões de espermatozoides, mais de 50% devem mover-se de forma adequada. Mesmo que o homem produza a quantidade considerada aceitável, se os espermatozoides não se conseguirem movimentar (motilidade) normalmente não conseguem nadar até atingir o óvulo. Também é necessária uma boa motilidade para ajudar os espermatozoides a penetrar o óvulo, fecundando-o.
3. Espermatozoides anormais
Dos mais de 20 milhões de espermatozoides, mais de 30% devem ser normais, considera a OMS (1992). Os espermatozoides anormais não dão origem a bebés com malformações. Apenas não conseguem fecundar o óvulo.
4. Aglutinação
Certas infeções ou anticorpos podem fazer com que os espermatozoides se juntem em círculo e não se movimentem como esperado sendo outro dos problemas que afetam a fertilidade masculina. Nesta situação, a motilidade dos espermatozoides fica comprometida o que impede a fertilização do óvulo.
5. Varicocele
A varicocele refere-se ao aumento do tamanho das veias à volta dos testículos. Este problema resulta no aquecimento excessivo dos intestinos o que prejudica a produção de espermatozoides. Podendo afetar ou não a fertilidade, ainda não se sabe exatamente se o homem beneficia ou não de tratamento.
6. Obstruções
As obstruções em certas partes do aparelho reprodutor masculino podem impedir os espermatozoides de ser ejaculados ou os testículos de produzir espermatozoides o que afeta a fertilidade e a capacidade de fertilizar o óvulo. As obstruções podem dever-se a cicatrizes causadas por infeções (micoplasma, ureaplasma, por exemplo), devido a uma cirurgia ou uma lesão nos testículos.
7. Criptorquidia
Se os testículos não descerem adequadamente até à bolsa escrotal depois do nascimento podem ficar inibidos da sua capacidade de produzir espermatozoides (ver Testículo subido no bebé: o que fazer?).
8. Doenças
Entre os problemas que afetam a fertilidade masculina encontram-e algumas doenças como as da tiróide, diabetes melito que podem interferir com o controlo hormonal da produção de espermatozoides.
As infeções da próstata e/ou na anatomia dos testículos podem impedir a normal produção de espermatozoides ou obstruir a sua saída dos testículos. A inflamação dos testículos depois da papeira (orquite da papeira) pode resultar em infertilidade permanente.
9. Ausência de espermatozoides
Nalguns homens, o ejaculado não contém espermatozoides, situação conhecida por azoospermia. Os testículos não produzem espermatozoides ou então estes não conseguem passar para o exterior dos testículos porque os canais estão obstruídos.
10. Infeções
- Clamídia
A clamídia é uma infeção transmitida sexualmente que pode levar à infertilidade. Nos homens, pode provocar inflamação dos testículos e dos tubos que os rodeiam. Uma análise à urina permite realizar o diagnóstico.
- Citomegalovírus
O citomegalovírus ou vírus citomegálico humano (CMV) é um vírus da família dos herpes vírus transmissível por fluídos corporais contaminados – urina, fezes, secreções respiratórias e vaginais – e por via sexual. Nos homens, pode levar à diminuição da produção de espermatozoides e ser causa da inflamação dos testículos.
- Micoplasmas
O Mycoplasma hominis é um organismo que podem infetar o trato genito-urinário do homem e da mulher. Nos homens, este tipo de infeção pode diminuir a quantidade de espermatozoides, diminuir a sua capacidade de movimento (motilidade) e aumentar a percentagem de espermatozoides anormais.
- Ureaplasma
O Ureaplasma urealyticum é um organismo que pode infetar o trato genito-urinário do homem e da mulher. Nos homens, este tipo de infeção pode diminuir a quantidade de espermatozoides, diminuir a sua capacidade de movimento e aumentar a percentagem de espermatozoides anormais.
Quando procurar ajuda especializada?
De acordo com a Associação Portuguesa de Fertilidade (APF), o casal deve consultar o médico se não consegue engravidar após um ano de atividade sexual desprotegida (ou seis meses, caso a mulher tenha idade igual ou superior a 35 anos).
Saiba como é feito o diagnóstico de infertilidade e como a idade afeta a fertilidade do casal.