Com o nascimento do bebé, após a expulsão da placenta, inicia-se um novo período de transição designado puerpério. Neste período de 6 a 8 semanas, o corpo materno passa por uma série de mudanças com o objetivo de recuperar a sua situação anterior à gravidez.
Evitar uma nova gravidez logo após o parto
O corpo materno precisa de tempo para se reajustar
Depois do parto, o útero, o colo do útero, a vagina e o abdómen começam a encolher para o tamanho que tinham antes da gravidez. A contração do útero é acompanhado por um corrimento vaginal, conhecido por lóquios.
O útero, para além do processo de retornar ao tamanho normal, recupera também das lesões que sofreu durante o parto. O corte da cesariana ou de uma episiotomia e o local da rutura da placenta necessitam de tempo para curar.
As relações sexuais logo após o parto podem ser dolorosas, magoar o útero e aumentar o risco de contrair uma infeção bacteriológica. Por outro lado, a amamentação produz alterações hormonais que poderão diminuir a lubrificação vaginal.
Prevenir uma gravidez precoce no pós-parto
Apesar de a amamentação exclusiva até aos seis meses atrasar a ovulação e a regularização do ciclo menstrual, estar a amamentar não impede que fique novamente grávida e muitas mulheres ficam grávidas por acreditarem nisso.
Se não amamenta ou se amamenta apenas duas vezes por dia, a ovulação poderá voltar a ocorrer por volta do 27º dia após o parto. Durante este tempo, mesmo não tendo fluxo menstrual, deve tomar medidas contracetivas para evitar uma nova gravidez já que pode estar a ovular mesmo sem sinais de menstruação.
A influência da data da conceção e a saúde materno-infantil
Não existe um tempo estabelecido para que a primeira relação sexual aconteça. O recomendado ronda as seis semanas, quando a mulher já recuperou do parto, não tem sangramentos (lóquios) e a ferida (do parto por cesariana ou do parto normal) está cicatrizada.
Quando ocorre uma gravidez com um intervalo inferior a seis meses relativamente à data do parto, o risco para a saúde da mãe aumenta já que o seu corpo ainda está a recuperar da gravidez anterior. Complicações como sangramento vaginal, rutura prematura da placenta, inflamação do útero e anemia são acrescidas.
Engravidar com um intervalo menor do que 24 meses pode aumentar o risco de diabetes gestacional e um ganho de peso superior ao recomendado.
Para o bebé também há algumas complicações como o risco de baixo peso ao nascer, parto prematuro, paralisia cerebral e subnutrição.
Por tudo isto, considera-se de grande importância para a saúde da mãe e do bebé espaçar os nascimentos. De acordo com os especialistas, e numa situação normal, o casal deve aguardar, pelo menos, 24 meses após o parto para tentar engravidar novamente. Estudos sugerem que o intervalo ideal será de 3 a 5 anos.
Métodos anticoncecionais
Existem vários métodos contracetivos que podem ser usados comodamente pelo casal. Uma vez que o método anticoncecional mais aconselhado varia de acordo com o grau de recuperação materna no pós-parto ou o facto de estar ou não a amamentar (há componentes que podem passar do leite materno para o bebé), este é um dos assuntos abordados na consulta do puerpério, realizada entre a 4ª e a 6ª semana após o parto.