A diminuição do desejo e do prazer sexual e a alteração dos padrões de atividade sexual são mudanças que se verificam depois do nascimento do bebé. Conciliar o sexo e amamentação ainda é um tema tabu para muitos casais. Mas, para além disso, fatores como o desconforto físico, o conceito de auto-imagem ou a transição para a parentalidade, podem afetar a sexualidade do casal no pós-parto.
Sexo e amamentação no pós-parto
Nos meses seguintes ao parto, ocorrem muitas mudanças físicas, emocionais, familiares e sociais que podem levar à diminuição do desejo sexual, da frequência do coito e da satisfação sexual.
Regra geral, e não havendo contra-indicação médica, as relações sexuais no pós-parto podem ser retomadas quando a mulher se sentir fisicamente pronta.
Contudo, o desejo sexual vai muito além das questões físicas. As componentes social e emocional têm um papel fundamental na sexualidade e o pós-parto é um período bastante exigente, também, pelas alterações hormonais e pela necessidade de adaptação da mulher ao seu novo papel de mãe.
Apesar de o sexo fazer parte da vida de todas as pessoas, muitos fatores podem influir na sexualidade no pós-parto.
A imagem que a mulher desenvolve em relação ao seu próprio corpo, os desconfortos físicos como as hemorroidas ou a redução da lubrificação vaginal, a maior dificuldade em atingir o orgasmo, o medo da perda de leite durante a intimidade ou o receio daquilo que o companheiro possa pensar de todas estas alterações e eventos são alguns dos fatores que podem condicionar a disposição da mulher para o sexo.
Sexo e amamentação
A amamentação afeta a vida íntima de muitos casais também pela própria rotina da amamentação. A necessidade de amamentar de 3 em 3 horas, o acordar várias vezes durante a noite para dar de mamar ou para acalmar o choro do bebé, são tarefas que exigem um esforço e disponibilidade consideráveis.
O esgotamento físico, o desgaste emocional, o isolamento social e o desenvolvimento de sentimentos de insegurança quanto à competência para responder às necessidades do bebé podem acabar por se refletir no desejo sexual e no tempo disponível para a intimidade.
Mas, também, a presença do bebé no quarto dos pais, a dor e o desconforto mamário e a dupla função das mamas (maternal / erótica) podem acabar por afetar o desejo sexual, quer da mulher quer do homem.
O que nos dizem os estudos
Alguns estudos indicam que as mulheres que amamentam podem precisar de mais tempo para atingir os níveis de prazer e interesse sexual que apresentavam antes da gravidez. Três fatores parecem contribuir para a redução na atividade sexual e na
satisfação sexual depois do parto, em mulheres que amamentam.
1. Factor biológico
A supressão dos estrogénios durante o período de amamentação provoca uma diminuição da lubrificação vaginal, o que pode tornar o coito desconfortável.
Por outro lado, o aumento da prolactina e os baixos níveis de testosterona, ou a combinação de ambos, pode conduzir à diminuição do desejo sexual.
2. Factor psicológico
Algumas mulheres sentem um certo erotismo ou pelo menos sentem a sua
necessidade de contacto íntimo satisfeita através da amamentação, sentindo assim menos interesse pela vida sexual com o companheiro.
3. Factor físico
As mulheres que amamentam podem apresentar maiores níveis de fadiga física e psicológica comparativamente com as que não amamentam.
Adaptação sexual no pós-parto
1. Envolver o pai nos cuidados ao bebé
Envolver o pai na amamentação e nos cuidados ao bebé é importante por vários motivos: ajuda a reforçar a ligação emocional entre ambos, aumenta a compreensão paterna sobre a intensidade dos cuidados parentais e permite à mãe reservar algum tempo para descansar e para cuidar de si.
2. Para além de “mãe”, “mulher”
A pressão da família, do companheiro, dos amigos, da sociedade, e da própria mulher, perante o papel de “mãe” leva a que a faceta “mulher” seja relegada para segundo plano. Com a maternidade, a mulher assume mais um papel mas não deixa de ter outros. Continua a ser filha, esposa, irmã, amiga, profissional, …
3. Descobrir novas expressões da sexualidade
Para além do ato sexual, genitalidade e coito, a sexualidade também é sensualidade, carinho, afeto, toque, comunicação, proximidade e prazer.
Inevitavelmente, a presença de um novo bebé passa a dominar toda a dinâmica do casal e da vida em família. Nesta fase de mudança, encontrar novas formas de se relacionar na intimidade, mantendo em equilíbrio as necessidades de ambos, sem sentimentos de culpa ou tensão pode ser o caminho.
4. Procurar ajuda profissional
Falar de sexo com os profissionais de saúde e procurar ajuda especializada pode ser uma solução caso o casal sinta que está a ter dificuldades em retomar a sua vida sexual no pós-parto.
Saiba porque os especialistas recomendam aguardar algum tempo antes de voltar a engravidar e os como se sentir bem no pós-parto.