Entre filmes de terror e histórias de fantasmas, o escuro é, muitas vezes, associado a coisas assustadoras. Para muitas pessoas, essa associação pode conduzir a um verdadeiro medo do escuro, especialmente em crianças.
Os especialistas defendem que há várias razões por detrás deste medo – bastante comum – e vai muito além das histórias de fantasmas e dos filmes de terror que todos já vimos e ouvimos falar.
Ter medo do escuro é visto como um “medo já esperado”
A partir do momento em que nascemos, estamos preparados ou predispostos a desenvolver mais medo de algumas coisas do que de outras. Estes medos ou receios são originários do que teria sido perigoso para os nossos antepassados. Se há predadores na escuridão, provavelmente não se consegue vê-los, o que é tão verdadeiro hoje como era para os nossos antepassados há milhares de anos.
Um medo muito comum
O medo do escuro é bastante comum, especialmente entre as crianças. Krystal Lewis, psicólogo clínico nos National Institutes of Mental Health, refere que “o medo do escuro é uma parte normal do desenvolvimento infantil”, sendo que a maioria das crianças o supera com o tempo”.
O receio do desconhecido
“A maioria das coisas que nos fazem sentir desconfortáveis são coisas imprevisíveis e que fogem ao nosso controlo”, explica Martin Antony, professor de psicologia da Toronto Metropolitan University. Quando se trata do escuro, há incerteza – “não sabemos o que está lá”, acrescenta.
Sempre que nos deparamos com uma sala escura ou um céu escuro, facilmente nos vêm à mente imagens de filmes assustadores e as crianças podem pensar automaticamente em monstros ou outras coisas assustadoras.
Alguém que tem medo do escuro “não gosta do tipo de incerteza que a escuridão traz consigo”, refere o especialista Martin Antony.
Pode ser o resultado de certas experiências passadas
Já vimos que o medo é normal no desenvolvimento dos mais pequenos, mas o medo do escuro persiste na idade adulta para muitas pessoas. Alguns adultos e crianças podem temer o escuro como resultado de uma experiência negativa que ocorreu durante a noite. Por exemplo, após um assalto, podem ficar a associar essa experiência negativa à escuridão.
Por isso, ter medo do escuro pode até ser uma componente do transtorno de stress pós-traumático relacionado com um incidente negativo.
Medo da escuridão pode representar mais do que isso
Em alguns casos, o medo do escuro pode, na realidade, ser uma fobia, o que significa que é intrusiva na vida quotidiana. Para a maioria, porém, é apenas um medo que deriva do desconhecido ou de filmes e histórias assustadoras.
Como tal, é essencial tentar perceber este medo e se interfere com as suas atividades normais ou bem-estar das crianças. Quando um medo tem um grande impacto na vida quotidiana e se reflete nas relações interpessoais e no desempenho escolar, é preciso agir com a ajuda de um terapeuta.
5 dicas para ajudar os pequenos a lidar com o medo do escuro
- Ser bom ouvinte: Não ridicularize o medo do seu filho, para que ele ganhe confiança para lhe contar sobre tudo o que o incomoda e, assim, começar a ganhar ferramentas para enfrentar os seus medos.
- Não seja indiferente ao que o perturba: Lembre-se que o medo de algo real é experienciado com a mesma intensidade do que o medo de algo irreal. Mostre ao seu filho que compreende os seus medos e que estará sempre ao seu lado para o ajudar.
- Os adultos também têm medo. Muitas vezes, é reconfortante saber que não estamos sozinhos. Por isso, partilhe alguns dos seus medos e receios do tempo de criança e como os conseguiu superar.
- Faça algumas mudanças no ambiente do quarto. Garanta que o seu filho se sente confortável e seguro no próprio quarto. Tenha atenção à ilumunação – optar por uma luz de presença é sempre uma boa estratégia – e deixe a porta entreaberta, por exemplo, para que se sinta mais seguro. A projeção de estrelas ou outros desenhos no teto da criança também pode ajudar.
- Ler histórias positivas antes de dormir. Além de estabelecer um ritual que incentiva a tranquilidade e uma boa noite de sono, selecione algumas historinhas para promover imagens mentais agradáveis que afastem o medo e as inseguranças – e, claro, os pesadelos!