Já está comprovado que a gravidez e o pós-parto têm influência e alteram a estrutura cerebral das mães. Um último estudo, em 2016, demonstrou que a massa cinzenta das mulheres encolhe depois de serem mães – embora não se saiba se essa alteração tem impacto no funcionamento do cérebro.
Mas sabia que a paternidade também traz mudanças para o cérebro dos homens? De acordo com uma investigação recente levada a cabo pelo Instituto de Saúde Carlos III, de Madrid, em Espanha, o cérebro de pais de primeira viagem pode encolher até 2% após o nascimento do bebé.
Neste estudo, foram acompanhados 40 homens à espera do primeiro filho (20 espanhóis e 20 norte-americanos) e um grupo de 17 espanhóis sem filhos. Foram feitas duas ressonâncias magnéticas com um ano de intervalo e, no caso dos recém-papás, um exame antes e outro depois do nascimento do bebé.
Cérebro de pais de primeira viagem pode encolher até 2% após o nascimento do bebé.
As imagens destes exames tinham como objetivo comparar o volume, espessura e propriedades das estruturas cerebrais e o resultado foi uma diminuição pequena, mas consistente, dos córtex cerebrais dos novos pais. Esta alteração foi mais visível na parte onde se processa e se interpreta a informação visual e na rede padrão, circuitos muito associados a divagação mental.
“Essas descobertas sugerem que o sistema visual tem um papel fundamental em ajudar os pais a reconhecerem os seus filhos e a responderem adequadamente às suas necessidades, um dado que deve ser explorado em futuros estudos. Percebermos como as mudanças do cérebro estão associadas à paternidade e, consequentemente, à construção de relações fortes entre pais e filhos, o que é um tópico ainda pouco explorado e que pode abrir caminhos muito interessantes”, referem os investigadores.
Alterações no cérebro contribuem para melhor relacionamento com o bebé
Esta alteração não deve ser encarada de forma negativa, já que os cientistas explicam que, nestes casos, há uma maior probabilidade de os pais estabelecerem vínculos fortes com o filho. Assim, de acordo com a investigação do Instituto de Saúde Carlos III, o encolher do cérebro do pai após o nascimento do bebé, contribuiu para uma maior capacidade dos pais em se focarem nos cuidados do bebé, mais empatia e criarem boas relações com mais facilidade.
No entanto, o vínculo afetivo estabelecido com o novo membro da família não depende apenas das alterações estruturais do cérebro. Há muitas outras formas para ajudar os pais a estabelecer uma conexão com o filho – o que é fundamental para toda a vida. Como referem os investigadores “as crianças que têm vínculos fortes com os pais apresentam uma maior capacidade de aprendizagem, empatia e de socialização”.