Sabe porque não deve bater no seu filho?
Disciplinar é sinónimo de ensinar e as crianças aprendem melhor quando sentem que são valorizadas e alvo de atenção.
Como é que disciplina o seu filho? Castiga-o, privando-o temporariamente de algo de que ele gosta muito? Passa-lhe um “sermão e missa cantada”? Estabelece em conjunto as regras? Berra-lhe? Adverte-o? Não faz nada? Conversa com ele? Sente que não sabe como agir? Ou… bate-lhe?
Nas últimas décadas têm sido realizados diversos estudos sobre os efeitos associados a bater nas crianças.
As conclusões destes trabalhos foram, de uma forma geral, as seguintes:
- As crianças cujos pais lhes batem são emocionalmente menos saudáveis do que as crianças que não sofrem castigos corporais.
- As crianças cujos pais lhes batem apresentam uma maior propensão para desenvolverem depressão, ansiedade, se tornarem agressivas e virem a consumir estupefacientes.
- Apesar de surtirem um efeito imediato, os castigos corporais conduzem a uma menor cooperação por parte da criança a longo-termo, produzindo nela um pior comportamento com o passar do tempo.
- A punição corporal na criança foi associada várias vezes a um maior índice de problemas mentais, delinquência, agressividade e problemas de relacionamento com os pais.
- Quanto mais se bate numa criança maior possibilidade se cria para esta bater em outrém como nos irmãos e amigos e, mais tarde, no parceiro.
- Quanto mais os pais batem numa criança por comportamento antissocial, mais antissocial se torna o comportamento da mesma.
- Bater numa criança constitui um forte indicador de comportamento violento na mesma.
- Bater pode produzir medo na criança e fazer com que esta esconda as suas ações com medo de ser castigada quando se porta mal.
- As crianças que sofreram castigos corporais mais intensos demonstraram menos massa cinzenta no córtex frontal e amígdalas hipervigilantes.
- Bater numa criança ensina-a que a violência é aceitável.
Em suma, bater numa criança irá produzir um pior um comportamento na mesma, ou seja, acabará por surtir o efeito contrário do pretendido. E o medo que poderá produzir na criança não constitui, de forma alguma, o alicerce para construir uma relação saudável com a mesma.
Torna-se necessário, portanto, empregar métodos que ensinem a criança a autogerir-se. Os pontos abaixo poderão servir de referência para disciplinar, sem bater.
- Procure fomentar uma boa relação com o seu filho, em que não haja lugar para ameaças e castigos. As crianças com uma boa relação com os pais querem-lhes agradar.
- Estabeleça limites e reforce as suas expectativas sempre que necessário.
- Se a criança não aceita as suas indicações é sinal que a vossa relação não é suficientemente forte. Repense as suas ações de forma a fortalecer a vossa relação.
- Não se esqueça que a criança imita o que faz e não o que diz.
- Avalie tudo o que ensina à criança tendo em consideração se o ensinamento fortalecerá os laços com a mesma.
- Corrija a criança mas reafirme primeiro os laços com ela. As crianças portam-se mal quando se sentem mal com elas próprias e desligadas dos pais.
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