O refluxo é a subida da comida (ou leite) do estômago para o esófago (que sobe depois para a boca), o que causa grande desconforto e sintomas como azia, regurgitação, dor ou dificuldade em engolir, tosse ou mesmo vómito. À medida que o bebé cresce e se desenvolve, o seu organismo também amadurece e a frequência destes episódios de refluxo diminui.
Refluxo do bebé
O que é o refluxo gastroesofágico?
O refluxo gastroesofágico consiste na subida do conteúdo do estômago para o esófago, o que, em conjunto com o ácido gástrico, causa um grande desconforto e sintomas como azia, regurgitação, dor ou dificuldade em engolir, tosse ou mesmo vómito. O refluxo pode ser mais ou menos intenso e/ou frequente de bebé para bebé.
De acordo com a nutricionista Inês Pádua, “estima-se que (o refluxo) ocorra em cerca de um 1/3 das crianças, sendo por isso relativamente comum e que tende a desaparecer com a idade”
Causas do refluxo
“A maior parte dos casos de refluxo nos bebés deve-se ao facto de o seu organismo ainda não estar totalmente desenvolvido, incluindo a válvula que se localiza à entrada do estômago, cuja função é precisamente evitar que o conteúdo do estômago volte para cima, para o esófago e para a boca”: esclarece a nutricionista.
Quando é resultado da imaturidade fisiológica do bebé, o refluxo não afeta o crescimento, não havendo, portanto, outros sintomas ou complicações associadas.
Habitualmente, a frequência das regurgitações diminui após os 6 meses de idade do bebé com a introdução da dieta sólida (na 1ª fase da diversificação alimentar) e a adoção de uma postura mais ereta por parte do bebé, seja para se alimentar ou para outras atividades. Assim sendo, o refluxo tende a desaparecer espontaneamente até a criança completar dois anos de idade.
O tipo de leite tem efeito no refluxo?
De acordo com Inês Pádua, não. “Não existem evidências que o tipo de leite (materno ou fórmula) evite o refluxo. Dado ser uma manifestação que ocorre pelo organismo ainda estar em desenvolvimento, o reflexo é uma situação comum aos bebés que são alimentados quer com leite materno, quer com fórmulas”: explica.
Sintomas que podem sugerir que o bebé sofre de refluxo:
- Estagnação ou perda de peso;
- Irritabilidade durante ou após as refeições;
- Dor de estômago;
- Fadiga;
- Regurgitação;
- Tosse;
- Recusa ou dificuldade em aceitar o alimento;
- Choro persistente.
Quando procurar ajuda médica?
Deve recorrer-se à ajuda médica sempre que se encontrar preocupada com a saúde do bebé, e neste caso não é diferente. Independentemente de saber tratar-se de algo comum, se estiver preocupada procure o seu médico assistente ou pediatra para ajudar a diminuir os episódios de refluxo.
Após os 6 meses de idade, a permanência do refluxo, em conjunto com outros sintomas, pode representar uma condição mais séria que pode ter implicações no crescimento e desenvolvimento do bebé. Desta forma, justifica-se uma consulta ao pediatra quando o bebé manifesta os seguintes sinais:
- Dor abdominal persistente;
- Irritabilidade;
- Distúrbios do sono;
- Choro constante, particularmente após as refeições;
- Falta de apetite ou recusa em alimentar-se;
- Náuseas e vómitos;
- Perda ou ganho insuficiente de peso;
- Prisão de ventre;
- Sangue oculto nas fezes;
- Hemorragias digestivas;
- Pneumonias repetidas;
- Otites repetidas;
- Bronquites repetidas;
- Infeções respiratórias frequentes.
O maior risco do refluxo é a aspiração do alimento para as vias aéreas superiores e pulmões. O bebé deve ser deitado de barriga para cima, com a cabeceira elevada a 30 graus (elevar o próprio berço e não a cabeça do bebé com almofadas – síndrome da morte súbita do lactente) e vigiado durante o sono.
Como ajudar um bebé com refluxo?
Existem algumas dicas que os pais podem ter em conta para tentar diminuir a intensidade da ocorrência do refluxo no bebé, tais como:
- Não alimentar o bebé completamente deitado;
- Depois das refeições, segurar o bebé de pé durante algum tempo (sem apertar ou pressionar a barriga);
- Não abana/balançar o bebé após as refeições;
- Não deitar o bebé imediatamente depois de comer;
- Elevar a cabeceira do berço ou cama a 30 graus;
- Deitar o bebé de barriga para cima;
- Ofereçer pouca quantidade de comida a cada refeição, mas ofecerer mais vezes ao longo do dia – desta forma evita que o estômago distenda;
- Vestir roupa confortável e não apertar muito a fralda na zona abdominal;
- Se estiver a amamentar, evitar os alimentos açucarados, café e produtos lácteos pode ajudar o bebé;
- Não oferecer ao bebé/criança alimentos que agravem os sintomas como chocolate, bebidas açucaradas e refrigerantes, frutas cítricas (laranja, limão), alimentos gordos e fritos, tomate, entre outros;
- Vigie a frequência com que o bebé suja a fralda (a prisão de ventre pode agravar o problema).
Tratamento do refluxo
Alguns bebés podem precisar de tomar medicamentos para controlar os sintomas e prevenir complicações.
Entre as medidas recomendadas encontram-se os antiácidos, medicamentos que neutralizam a acidez do conteúdo gástrico, tornando o refluxo menos agressivo; medicamentos antirrefluxo; produtos para engrossar o leite (de forma a impedir a acumulação de ar no biberão e, consequentemente, o refluxo ou cólicas no bebé ou fórmulas antirrefluxo.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.