Normalmente associamos a roncopatia, ou seja “ressonar”, aos adultos, principalmente do sexo masculino. Contudo, isto não é de todo verdade. Cerca de 50% dos adultos ressonam ocasionalmente. Mas este não é um problema exclusivo dos adultos pois a roncopatia infantil atinge entre 10 a 27% das crianças.
Este problema perturba e interrompe o sono e está associado à síndrome da apneia obstrutiva do sono. A pessoa acorda com a sensação de não ter descansado podendo passar o dia exausta, sonolenta e irritável. A roncopatia infantil pode afetar crianças desde muito pequenas.
Saiba neste artigo o que causa a roncopatia infantil, sintomas e tratamentos possíveis.
O que é a roncopatia infantil?
A roncopatia infantil consiste, de forma muito simples, no “ressonar” em idade pediátrica. Este problema pode ser no entanto algo temporário que passa com a idade ou necessitar de intervenção.
Os problemas respiratórios, como asma, amigdalites, otites e outros, são frequentes na infância. A roncopatia é um desses problemas e um dos mais frequentes.
O que causa este problema?
A causa mais comum para a roncopatia infantil é obstrução causada por tecidos excessivos na garganta. Frequentemente, este tecido excessivo e obstrutivo deve-se ao facto de a criança possuir amígdalas e adenoides volumosas. As amígdalas são estruturas que se encontram na garganta e têm como função proteger o organismo da invasão de microrganismos. As adenoides têm a mesma função, mas estão localizadas na região posterior do nariz.
Existem, porém outras causas para a roncopatia infantil:
- Asma
- Infeções na garganta
- Alergias
- Apneia do sono
- Desvio do septo
- Obesidade
- Outras
Quais os sintomas que são preocupantes?
A roncopatia infantil leve e ocasional ocorre em até 27% das crianças. Normalmente, este tipo de roncopatia infantil é temporário e acaba por desaparecer, não devendo ser causa de proecupação.
Por outro lado, há casos de roncopatia infantil mais sérios e até graves, que afetam entre 10 a 12% das crianças. Estes casos devem ser observados pelo pediatra. A roncopatia infantil mais grave vem acompanhada de outros sintomas que podem indicar uma apneia do sono.
Assim, se notar que a roncopatia do seu filho é acompanhada dos seguintes sintomas, deve levá-lo ao pediatria:
- Ressonar pelo menos três noites por semana
- Dormir com a boca aberta e queixo ou pescoço esticado
- Sono agitado
- Ressonar muito alto
- Pausas na respiração durante o sono
- Fazer xixi na cama
- Voz nasalada
- Sonolência diurna e dificuldades de concentração
- Obesidade
- Peso abaixo da média
- Dores de cabeça matinais
- Diagnóstico de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA)
A roncopatia infantil e a apneia do sono
Estes sintomas, juntamente com a roncopatia infantil poderão indicar uma possível síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS). Este problema causa a obstrução parcial ou total à passagem do ar nas vias aéreas superiores provocando pequenos despertares durante a noite, fragmentando e perturbando o sono. Além disso, a SAOS afeta a quantidade de oxigénio que a criança recebe durante o sono.
No caso de a roncopatia infantil estar associada à SAOS, torna-se necessária uma intervenção. Além de a apneia do sono afetar a qualidade vida da criança, causando sonolência e problemas de concetração, está ainda associada a:
- Problemas no desenvolvimento cerebral
- Desempenho escolar inferior
- Problemas cardiovasculares como hipertensão arterial
- Alterações metabólicas
- Problemas pulmonares
- Alterações comportamentais negativas
Contudo, não ficamos por aqui. Se não a criança não receber tratamento estes problemas podem também causar alterações no desenvolvimento do rosto, nariz e boca da criança. Efetivamente, a criança pode ficar com um rosto alongado e o céu da boca arqueado, por exemplo.
Tratamento
Uma criança que apresente um caso de roncopatia infantil mais grave deve então, ser avaliada por um pediatra ou otorrinolaringologista. Os casos leves de roncopatia infantil são normalmente vigiados. Contudo, normalmente acabam por desaparecer por si e não deixam marcas. Não são, portanto razão de preocupação.
Os casos graves, terão passado por vários exames de diagnóstico para descobrir que distúrbio de sono afeta a criança. A partir daí, é definido o tratamento. Dependendo do que é, o tratamento pode consistir em:
Higiene do sono adequada: tem a finalidade de recuperar uma boa qualidade de sono na criança. O estabelecimento de uma boa higiene do sono pode incluir a adoção de várias medidas em casa. A adoção de um horário consistente ao ir para a cama e levantar, redução da exposição da criança à luz ambiental antes da hora de ir dormir e a não utilização de dipositivos eletrónicos 1 hora antes de ir para a cama são bons exemplos de hábitos para uma boa higiene do sono
Cirurgia para remoção das amígdalas e adenoides. Esta medida é tomada no caso de uma obstrução grave nas vias respiratórias da criança. A cirurgia é simples. Contudo, dependendo do caso, poderá ser efetuada apenas uma redução do volume de tecido ou corte parcial das amígdalas e adenoides. Neste caso, a criança poderá não necessitar de internamento e terá uma recuperação mais rápida.
Referência: Sleep Foundation; Cleveland Clinic;