O útero septado é uma condição fisiológica que pode dificultar uma gravidez, sendo por esse motivo importante diagnosticar e efetuar o tratamento.
O que é o útero septado?
O útero septado é causado por uma anomalia congénita que se traduz numa malformação uterina que acontece durante a gravidez por volta das 9 semanas de gestação, altura em que o útero da menina se forma. Durante o processo do órgão feminino, os ductos fundem-se e dá-se outro processo: o de absorção dos dois ductos (canais de onde surgem as trompas, o útero e a parte superior da vagina) com vista a criar apenas uma cavidade (as trompas de Falópio e o útero). Contudo, em alguns casos, esse processo não acontece de forma adequada e completa, originando assim o septo, uma membrana que divide o útero em duas partes.
Estima-se que entre 3 a 7% das mulheres tenham o útero septado.
É possível engravidar com o útero septado?
Sim, é possível. Porém, como existe uma membrana a separar o útero, o feto tem maior dificuldade em implantar-se na parede do útero e se isso acontecer, não irá receber os nutrientes e oxigénio que necessita para um desenvolvimento saudável. Mesmo que os receba, o espaço para que se desenvolva e cresça é muito menor, pelo que o seu crescimento estará comprometido.
Ou seja, sim, pode engravidar. Mas a probabilidade de culminar num aborto espontâneo é muito alta (cerca de 25 a 47 por cento das mulheres acabam por perder os seus bebés) e quando isso não se verifica, o bebé pode não desenvolver-se corretamente e adequadamente para a sua idade gestacional.
Sintomas
Na maior parte dos casos, esta condição não apresenta qualquer sintoma. Mas, como em tudo, há exceções.
Em alguns casos, pode surgir dor pélvica, sangramento excessivo na menstruação. No entanto, vale a pena frisar que estes podem não ser causados pela anomalia do útero, mas sim por outras patologias.
Como é feito o diagnóstico?
Quando existe dificuldade em engravidar ou a mulher tem múltiplos abortos espontâneos pode ser um indicativo de que algo poderá passar-se no seu órgão reprodutivo.
Geralmente, esta condição é passível de ser diagnosticada através de exames ginecológicos.
O útero septado é visível através da realização de uma palpação física, ecografia, curetagem e histerossalpingografia (observação da cavidade uterina através de raio X).
Ainda assim, o útero septado pode ser confundido com o útero bicorno, sendo nesses casos específicos necessário a realização de uma ecografia 3D ou histeroscopia (introdução de um histeroscópio – instrumento com uma câmara e luz que permite a visualização do útero da mulher).
Qual os possíveis tratamentos para o útero septado?
Se a mulher não tiver sintomas e não quiser engravidar, a mulher não é obrigada a fazer qualquer terapêutica. O caso muda de figura quando existe o desejo de ser mãe e conta já com um historial de infertilidade ou várias perdas gestacionais ou quando tem muita dor pélvica e foi diagnosticada com endometriose. Nesses casos, o ginecologista ou médico assistente habitualmente recomenda a realização de um procedimento cirúrgico denominado histeroscopia cirúrgica.
A cirurgia consiste na introdução de um aparelho na vagina que irá até ao útero para fazer a remoção do septo, a membrana que divide o útero em dois. É um procedimento simples efetuado sob anestesia raquidiana ou geral que tem uma duração aproximada de uma hora. Se não surgirem complicações pós-cirúrgicas, a mulher tem alta no próprio dia.
Ainda assim, há alguns cuidados a ter nos primeiros 15 dias após o procedimento médico:
- Evitar fazer esforços;
- Não ter relações sexuais;
- Evitar tomar banho em piscinas ou mar.
Se, entretanto, a mulher manifestar febre, dor intensa, sangramento vaginal muito intenso ou corrimento com mau cheiro deve procurar de imediato aconselhamento médico.
Após a cirurgia, pode ser colocado um cateter intrauterino ou ser prescrita suplementação de estrogénio (que ajuda no processo de cicatrização) com o objetivo de prevenir complicações após a septoplastia. Mas, pode ser diferente consoante o caso clínico.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.