Engravidar depois dos 40 anos: implicações materno-fetais. A definição de idade materna avançada tem como limite inferior os 40 anos de idade. No entanto, diversos estudos mostraram que os efeitos do processo natural de envelhecimento ocorrem de forma contínua, não sendo possível estabelecer limites precisos para a fecundidade da mulher.
Engravidar depois dos 40 anos
O número de partos em mulheres com mais de 35 anos tem vindo a aumentar, especialmente na sociedade ocidental. Vários fatores concorrem para o adiamento da conceção. A instabilidade financeira, a exigência do mercado de trabalho, o casamento mais tardio e a vontade de reunir as condições ideais para constituir família são apenas alguns dos motivos.
Apesar dos avanços das técnicas de reprodução medicamente assistida e dos cuidados pré-natais contribuírem para que mulheres com mais de 40 anos consigam engravidar e ter uma gravidez bem-sucedida, a gravidez tardia está associada a um conjunto de complicações que, embora também ocorram nas grávidas mais novas, são mais comuns nestas idades.
Complicações associadas a uma gravidez tardia
1. Diminuição da fertilidade
A taxa de fertilidade começa a diminuir por volta dos 32 anos, acentuando-se após os 37 anos. A diminuição da fertilidade nas mulheres está relacionada com o envelhecimento dos ovócitos, com a diminuição da reserva ovárica e com alterações hormonais que resultam em ciclos anovulatórios (quando os ovários não libertam o óvulo).
Miomas, endometriose e anomalias nas trompas são mais comuns nas mulheres mais velhas o que pode afetar a sua fertilidade.
2. Gravidez ectópica, anomalias cromossómicas e aborto espontâneo
A gravidez ectópica é um das causas de mortalidade e morbilidade materna no início da gestação. A idade materna acima dos 35 anos está associada a um aumento do risco em 4 a 8 vezes, quando comparada com grupos de controlo de mulheres mais novas.
O risco de alterações cromossómicas fetal (rastreio de alterações cromossómicas) também é superior em mulheres mais velhas. Apesar das técnicas de diagnóstico atuais, a decisão de interromper uma gravidez devido ao deficiente desenvolvimento fetal é um acontecimento traumático.
Por outro lado, as alterações cromossómicas também estão associadas a abortos espontâneos.
3. Malformações congénitas
As malformações cardíacas, o pé boto e a hérnia diafragmática isolada, não associadas a alterações cromossómicas, parecem estar aumentadas em fetos de mães mais velhas.
4. Complicações médicas da gravidez
Uma vez que as doenças crónicas são mais frequentes com o avançar da idade, as grávidas com mais de 35-40 anos apresentam risco mais elevado de sofrer complicações pelas duas doenças mais frequentes: hipertensão arterial (pré-eclâmpsia) e diabetes mellitus (com risco acrescido de diabetes gestacional).
5. Complicações obstétricas
Apesar de não estar claramente associado o risco de Descolamento Prematuro de Placenta Normalmente Inserida (DPPNI) em gestações de mulheres com idade avançada, existe um aumento desta doença nestas gestações, especialmente relacionada com hipertensão alta e gravidez de gémeos.
As mulheres que engravidam a primeira vez depois dos 40 anos têm risco acrescido de placenta prévia.
6. Tipo de parto
A taxa de parto por cesariana é superior em grávidas com idade superior a 35 anos. Este aumento deve-se a vários fatores, como doenças crónicas maternas ou riscos obstétricos mas, também a disfunção do músculo uterino que sofre os efeitos do envelhecimento.
Bibliografia: Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica de Manuela Néné, Rosalina Marques, Margarida Amado Batista, Carlos Sequeira – LIDEL, Lisboa, 1ª edição impressa: outubro de 2016; A Bíblia de Bolso da Gravidez de Hollie Smith – Edição Livros Horizonte, junho de 2013