Chegado o desejo de ter filhos, e com algumas condições asseguradas, os casais começam a tentar engravidar. Mas raros são os casos que engravidam à primeira ou segunda tentativa. Pode demorar algum tempo. Contudo, à medida que o tempo vai passando, o casal pode começar a questionar-se se poderão estar perante um quadro de infertilidade. Ainda que na maioria dos casos se coloque em questão a fertilidade feminina, na realidade estas situações podem acontecer também devido a fatores de infertilidade masculina, como se verifica na oligospermia.
Oligospermia
Ao contrário das mulheres, que nascem com um número definido de óvulos, os homens vão produzindo espermatozoides ao longo de toda a vida. No entanto, existe um número que, em média, permite perceber (em parte) se a capacidade reprodutora do homem é saudável ou não.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a contagem de espermatozoides no esperma de um homem deve rondar, em média, os 15 milhões de espermatozoides por mililitro (mL).
O que é a oligospermia?
A oligospermia é diagnosticada quando se verificar uma contagem de espermatozoides no esperma inferior a 15 milhões. Ou seja, esta condição significa que o homem tem menos espermatozoides no sémen do que o considerado “normal” e saudável para a reprodução humana.
A oligospermia pode ser subcategorizada em três tipos de acordo com a sua gravidade:
- Leve – quando a contagem está entre os 10 e os 15 milhões de espermatozoides/mL;
- Moderada – quando se verificam entre 5 a 10 milhões de espermatozoides/mL;
- Grave – quando a contagem se situa entre os 0 e os 5 milhões de espermatozoides/mL.
Quais as causas?
Existem várias causas para o homem ter uma contagem de espermatozoides inferior ao normal, como algumas doenças e hábitos do seu estilo de vida.
Varicocele
Quando o homem tem as veias do escroto dilatadas, o fluxo sanguíneo pode ser interrompido não saindo dos testículos, fazendo com que a sua temperatura aumente, o que, por sua vez, pode ter um impacto negativo na produção de esperma. Estima-se que cerca de 40% dos homens com baixo número de espermatozoides tenha tido este problema.
Sobreaquecimento dos testículos
Algumas atitudes do dia a dia podem contribuir para o sobreaquecimento dos testículos que pode reduzir (de forma não permanente) o esperma. São elas:
- Sentar-se com frequência;
- Colocar o computador sobre os órgãos genitais;
- Utilizar roupas muito justas.
Infeção
A presença de vírus no corpo, como infeções sexualmente transmissíveis (HPV, gonorreia ou sífilis, por exemplo), podem reduzir a quantidade de espermatozoides no esperma.
Problemas de ejaculação
Também os problemas de ejaculação, como a ejaculação retrógrada (na qual o esperma vai para a bexiga em vez de sair do pénis), podem contribuir para este problema.
Certos medicamentos
Alguns betabloqueadores, antibióticos e fármacos para controlo da pressão arterial podem originar problemas de ejaculação e, assim, reduzir a contagem de espermatozoides.
Problemas hormonais
Tanto o cérebro como os testículos produzem diversas hormonas responsáveis pela ejaculação e produção de esperma. Se existir um desequilíbrio em qualquer uma delas pode verificar-se também uma diminuição de espermatozoides no esperma.
Problemas de peso
O sobrepeso ou a obesidade aumenta o risco de baixas contagens de esperma de várias formas: o excesso de peso pode reduzir a quantidade de esperma que o corpo produz; e os problemas de peso, como o sobrepeso, interferem na produção de hormonas.
Exposição a produtos químicos e metais
Pesticidas, agentes de limpeza e materiais de pintura são alguns dos produtos químicos que podem reduzir a contagem de esperma. A exposição a metais pesados, como chumbo, também podem causar oligospermia.
Uso de drogas e álcool
A ingestão de álcool ou consumo de drogas pode reduzir a contagem de espermatozoides. Além disso, também o tabagismo e alimentação podem influenciar o número e qualidade de espermatozoides.
Stress constante
Este é um fator comum a muitas condições de saúde. No aparelho reprodutor, o stress contínuo pode causar oligospermia transitória e controlável.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado através de um espermograma (exame onde se avalia o volume, o pH, a concentração, mobilidade, morfologia e resistência dos espermatozoides, entre outras características do esperma).
Tratamentos para oligospermia
O tratamento varia consoante a origem do problema:
- Se for consequência de hábitos ou estilos de vida pouco saudáveis, provavelmente o profissional de saúde recomendará a implementação de algumas alterações no dia a dia.
- Caso a oligospermia seja resultado de uma variocelese, por exemplo, o tratamento mais adequado será uma intervenção cirúrgica.
- Quando surge devido a infeções ou inflamações, pode ser prescrito a toma de determinados medicamentos com vista a evitar que o número da contagem continue em decréscimo.
- Se a oligospermia surgir na sequência de uma desregulação hormonal, o tratamento a realizar será precisamente hormonal em forma de comprimidos, injeções e/ou alterações no estilo de vida.
- Em último caso, e se nenhum dos tratamentos anteriormente mencionados forem eficazes, o casal que está a tentar conceber pode sempre recorrer às inúmeras técnicas de procriação medicamente assistida.
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.