No ventre, o bebé flutua e movimenta-se livremente no líquido amniótico, no interior do balão constituído pelas membranas (bolsa de águas) e a placenta. Este líquido promove um correto desenvolvimento dos órgãos e estruturas vitais do bebé, ao mesmo tempo que o mantém seguro e quente. Neste artigo, fique a conhecer as principais funções do líquido amniótico, como é produzido e como se renova.
Durante a gestação, o bebé desenvolve-se dentro do útero, na cavidade amniótica, pequena vesícula envolvida por duas membranas.
O fluído amniótico, é um líquido claro e transparente, que enche a cavidade amniótica, e que banha completamente o feto. Provém essencialmente da urina e das secreções bronco-pulmonares do feto assim como das membranas.
Para que serve?
O líquido amniótico tem como principais funções:
- Proteger o feto contra traumatismos (a pressão exercida num ponto distribui-se igualmente por todo o líquido);
- Permitir que o bebé se movimente, promovendo o correto crescimento ósseo e o desenvolvimento motor;
- Permitir o adequado desenvolvimento dos pulmões (o bebé só respira após o nascimento, quando o ar entra nas suas visas respiratórias e provoca o espasmo para respirar);
- Hidratar o feto;
- Prevenir as perdas de calor.
Mas o líquido amniótico também tem uma outra função. O líquido (fundo negro no ecrã) permite que a visualização do futuro bebé por meio dos ultra-sons.
Como é produzido?
No início, o líquido é produzido na placenta. Por volta do 12º dia após a conceção e com água do corpo da mãe.
A partir do 4º mês da gravidez (por volta da 20ª semana) os rins do bebé começam a funcionar e tomam a seu cargo a produção do líquido que passa a ser constituído, sobretudo, por urina fetal.
No final da gestação, secreções pulmonares são lançadas também na cavidade amniótica.
Como se renova?
O líquido amniótico está em constante movimento dentro do saco amniótico e renova-se continuamente, de 2 em 2 horas. O bebé flutua, movimenta-se, engole e “respira” o líquido para depois o expelir de novo.
É absorvido pelo intestino fetal, chega ao sangue, atravessa a barreira placentar e é eliminado pelos rins da mãe. O feto engole cerca de 50 ml de líquido amniótico por hora.
Níveis do líquido amniótico ao longo da gravidez
A quantidade de líquido amniótico aumenta lenta e progressivamente até às 32-33 semanas de gestação, altura em que atinge o seu nível mais elevado.
Por volta da 33ª semana, o seu volume é de, aproximadamente, 800-1000 mL e, à 40ª semana, é de cerca de 600-800 mL.
Análise ao líquido amniótico e maturidade fetal
O líquido tem ajudado a determinar a maturação fetal: as concentrações de ácido úrico e creatitina ou de células descamadas, permitem avaliar com a duração da gravidez.
Níveis do líquido amniótico e diagnóstico de complicações
A quantidade de líquido amniótico é um dos parâmetros vigiados ao longo da gravidez por forma a garantir a segurança da mãe e do bebé.
Por vezes, desenvolve-se uma grande quantidade de líquido quando o feto está impedido de o engolir. Também pode acontecer a situação inversa, e existir pouco líquido, se o feto está incapaz de urinar.
Excesso de líquido amniótico
O excesso de líquido amniótico (hidrâmnios ou polidrâmnio) pode ocorrer numa gravidez múltipla (dois dou mais gémeos), anomalias congénitas ou diabetes gestacional.
Quando se verifica excesso de líquido, o útero pode dilatar para além do normal dando origem a complicações como trabalho de parto prematuro, cesariana, hemorragia pós-parto, rutura do saco amniótico, descolamento prematuro da placenta ou prolapso do cordão umbilical.
Quantidade reduzida de líquido amniótico
Diz-se oligoâmnios quando a quantidade de líquido amniótico é insuficiente em relação à idade da gravidez. Esta situação pode dever-se a mal-formação dos rins ou do sistema urinário do bebé, impedindo-o de urinar normalmente. Também pode traduzir sofrimento fetal ou estar relacionado com rotura prematura das membranas.
Exames da gravidez e líquido amniótico
Amniocentese
O líquido amniótico contém células do feto, da placenta e do saco amniótico. O estudo dessas células (por aspiração de líquido amniótico, efetuada habitualmente às 16 semanas da gestação através do exame da amniocentese) permite detetar doenças genéticas, como a trissomia 21 (síndroma de Down).
Biópsia da vilosidades coriónicas
A biópsia da vilosidades coriónicas permite a deteção mais precoce (12 semanas) de doenças genéticas. Através da amostra das vilosidades recolhida, que contém muito mais células do que as obtidas por amniocentese, não é necessária a cultura celular e, por isso, os resultados do exame são mais obtidos mais rapidamente.
Bibliografia: MedlinePlus: A service of the U.S. National Library of Medicine – http://www.nlm.nih.gov/medlineplus, 9/12/2011; America Pregnancy Associaton – http://americanpregnancy.org, 01/2007; A Biblia da Gravidez, Anne Deans, Editorial Estampa, 2005, páginas 40, 47, 141, 142; Curso de Obstetrícia, Mário Luiz Mendes, páginas 32 e 33