Atualizado a 28 de maio de 2017
O que é o trabalho de parto estacionário
As situações em que ocorre uma paragem na evolução do trabalho de parto, quer por ausência de progressão na dilatação do colo, quer por ausência de descida do feto ao longo do canal do parto, denominam-se genericamente de “trabalho de parto estacionário”.
Por trabalho de parto estacionário entende-se aquele em que não se verifica progressão da dilatação cervical em qualquer um dos seus estádios: fase de latência, fase ativa (primeiro estádio do trabalho de parto) e período expulsivo (segundo estádio do trabalho de parto). [1]
Estas situações podem ter origem numa deficiente capacidade contrátil do útero (contrações) ou em dificuldades mecânicas de progressão do feto através do canal do parto.
É nestas últimas que se englobam a maioria das situações de incompatibilidade feto-pélvica cujo diagnóstico é realizado durante o trabalho de parto, embora existam outras causas.
Diagnóstico do trabalho de parto estacionário
Durante muito tempo estabeleceu-se que a ausência de evolução na dilatação cervical, durante a fase ativa do trabalho de parto, durante um período superior a 2 horas constituía um critério consensual de trabalho de parto estacionário.
Os procedimentos para o alívio da dor do trabalho de parto, particularmente a anestesia epidural, permitiram prolongar o período de espera considerado aceitável, passando a ser aceite um intervalo até 4 horas [1].
Na fase latente do parto, o diagnóstico de trabalho de parto estacionário é mais controverso, havendo autores que sugerem uma duração superior a 14 horas nas multíparas (quando a mulher já deu à luz anteriormente) e a 20 horas nas nulíparas (primeiro parto da mulher). O tratamento destas situações passa sobretudo pela perfusão de ocitocina.
A duração máxima do período expulsivo é atualmente bastante consensual, estabelecendo-se o limite de 1 hora para as multíparas e 2 horas para as nulíparas, aos quais se adiciona uma hora, caso exista analgesia epidural.
O preenchimento cuidadoso do partograma – representação gráfica do trabalho de parto e um recurso visual para analisar a dilatação cervical (observação mais importante para avaliar a progressão do trabalho de parto) e a descida (apresentação) da cabeça do feto – é um elemento essencial para o diagnóstico do trabalho de parto estacionário.
Segundo as indicações da Direção-Geral da Saúde, se não houver progressão da dilatação durante 4 horas, pode considera-se a indicação de cesariana por trabalho de parto estacionário. [1]
O trabalho de parto estacionário é a causa mais frequente de cesariana urgente.
[1] Direção-Geral da Saúde – Orientação nº1/2015 de 19/01/2015 – Trabalho de Parto Estacionário. Acedido a 26 de maio de 2017. Disponível em: http://www.saudereprodutiva.dgs.pt/normas-e-orientacoes/gravidez/orientacao-n12015-de-19012015-trabalho-de-parto-estacionario.aspx
Bibliografia: Comissão para Redução da Taxa da ARS Norte (Administração Regional de Saúde do Norte, IP., Ministério da Saúde). Online (portal.arsnorte.min-saude.pt). 18 de outubro de 2010.