A gestação prolongada é aquela que se prolonga para além das 42 semanas completas de idade gestacional. Um recém-nascido é considerado pós-maturo ou pós-termo quando nasce depois deste marco.
A pós-maturidade apresenta alguns riscos para o bem-estar fetal sobretudo devido ao decréscimo da função placentária o que leva à diminuição do fornecimento de nutrientes e de oxigénio ao bebé.
Gestação prolongada
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma gestação prolongada é aquela que atinge 42 semanas completas (ou 294 dias), a contar do primeiro dia da última menstruação (DUM).
Para efeitos de datação da idade gestacional, considera-se que a gravidez dura 268 dias desde o momento da conceção ou 280 dias (40 semanas) desde o primeiro dia da última menstruação.
O parto pós-maturo (pós-termo) é muito menos frequente do que o parto prematuro (pré-termo) e as causas da gestação prolongada são, em geral, desconhecidas.
Perante uma gestação prolongada, alguns procedimentos são adotados para monitorizar o bem-estar fetal: avaliação cardíaca fetal (cardiotocografia ou CTG), vigilância do líquido amniótico e funcionamento da placenta.
Se não houver sinais de parto, o médico poderá provocar o parto ou optar por uma cesariana caso haja sinais de sofrimento ou o colo não se mostre capaz para deixar passar o bebé.
O recém-nascido pós-termo
Os recém-nascidos que nascem tardiamente podem ter a pele seca, com descamação e um aspeto emaciado, especialmente se o normal funcionamento da placenta estiver gravemente comprometido.
As unhas dos dedos e dos pés estendem-se para além da ponta dos dedos e, tal como o cordão umbilical, podem ter uma coloração esverdeada o que é um sinal da presença de mecónio no líquido amniótico.
Complicações no recém-nascido pós-termo
1. Desnutrição
A redução da função placentária (ver O que é o grau da placenta?) é o maior risco para os bebés que ultrapassam o termo. No final da gravidez, a placenta torna-se progressivamente menos eficaz no que respeita ao fornecimento de oxigénio e nutrientes.
Para compensar este deficit de nutrientes, o feto usa a sua própria gordura e os seus próprios hidratos de carbono (açúcares) para gerar a energia de que necessita para crescer. Como resultado pode nascer com baixo peso e mais pequeno do que o esperado para a idade gestacional.
2. Hipoglicemia (níveis baixos de açúcar no sangue)
Os recém-nascidos pós-maturos tendem a apresentar baixas concentrações de açúcar no sangue (hipoglicemia) porque esgotaram a sua reserva de gordura e de carboidratos antes do parto.
3. Privação de oxigénio
Se a placenta envelhecer gravemente, perde a capacidade de fornecer oxigénio, especialmente durante o trabalho de parto (designação de todo o processo desde o início da dilatação do colo do útero até ao nascimento).
A privação de oxigénio pode causar angústia fetal (ver Sofrimento fetal) e, em casos extremos, provocar lesões no cérebro e/ou noutros outros órgãos. A angústia fetal também pode levar o feto a evacuar (mecónio) no líquido amniótico.
4. Aspiração de mecónio
Devido à angústia, o feto pode desenvolver uma respiração ofegante e inalar o líquido amniótico “contaminado” com mecónio. Este, entra para os pulmões bloqueando as vias respiratórias mesmo antes do parto. Como resultado, o bebé pode ter dificuldade respiratória depois do parto (Ver Síndrome de aspiração de mecónio).
Tratamento do recém-nascido pós-termo
O tratamento dependerá das complicações apresentadas pelo recém-nascido.
Baixas concentrações de oxigénio e consequente sofrimento fetal, podem obrigar a reanimação no pós parto.
Caso existam vestígios de mecónio no líquido amniótico e o recém-nascido esteja apático, o mecónio é aspirado através da traqueia para limpar as vias respiratórias. Em casos mais graves, pode ser necessária ventilação.
Para evitar o risco hipoglicemia, poderá ser necessário administrar soluções de açúcar (glicose) por via intravenosa ou amamentar o bebé frequentemente (com leite materno ou com fórmula láctea).
Se algumas destas complicações não ocorrerem, o principal objetivo será proporcionar uma boa nutrição para que o bebé possa ganhar peso rapidamente.
Importância do cálculo da idade gestacional
Como a gestação prolongada tem uma série de consequências para a saúde materno-fetal, a datação da gravidez é muito importante e será reavaliada em cada uma das ecografias da gravidez.
Saber a idade da gravidez permite ao obstetra acompanhar o ritmo de crescimento intrauterino do bebé e diagnosticar precocemente algum sinal de atraso do desenvolvimento. Por outro lado, também permite adaptar os cuidados necessários à mulher durante o período pré-natal.
Grau da placenta e bem-estar fetal
É através da placenta que o bebé recebe tudo o que necessita para se desenvolver (oxigénio e nutrientes) e, numa fase mais tardia da gestação, anticorpos que o vão ajudar desenvolver as suas próprias resistências imunológicas para combater os agentes infeciosos e as bactérias a que estará exposto fora da proteção do útero.
Numa gestação prolongada, a placenta calcifica e envelhece perdendo parte da sua capacidade de nutrir o bebé o que dá origem a carências importantes que põem em causa o bem-estar do bebé.
Como acelerar o parto?
A partir das 37 semanas, o bebé é considerado de termo e está pronto para nascer. Muitos casais perguntam-se o que podem fazer para acelerar o início do trabalho de parto. Não sendo uma ciência exata, há algumas medidas que podem ajudar a estimular o início do trabalho de parto como dar caminhadas ou fazer sexo.