O sangramento na gravidez é um acontecimento relativamente comum na gravidez que exige avaliação médica imediata.
Apesar de nem sempre ser um sintoma de complicação para a saúde materno-fetal, a sua causa deve ser devidamente investigada e diagnosticada.
As causas do sangramento na gravidez podem ser diversas e mudam consoante a idade da gestação.
Saiba quais os principais fatores que podem estar na sua origem.
Sangramento na gravidez
O sangramento na gravidez é uma das complicações mais frequentes na gestação.
A classificação da hemorragia varia segundo o trimestre em que ocorre. Já as causas, variam consoante a idade gestacional e, por isso, a gravidade da situação também.
A perda de sangue pode ser mínima ou abundante. Pode também vir acompanhada de outros sintomas como dor abdominal, cólicas, contrações, rutura das membranas amnióticas, infeção do colo do útero ou outros.
Hemorragia e hemorragia obstétrica
A hemorragia é uma situação é caracterizada por uma intensa perda de sangue. A hemorragia pode ser interna ou externa.
A hemorragia obstétrica é uma perda de sangue visível pela vagina durante a gestação ou perda excessiva de sangue após o trabalho de parto.
Perdas ligeiras de sangue cor-de-rosa escuro, vermelho ou meio acastanhado podem ser normais – resultam das alterações hormonais na gravidez.
Se sangramento no início da gravidez for abundante, de cor vermelha intensa e vem acompanhado de náuseas e cólicas, a mulher deve consultar urgentemente o obstetra. Estes sinais podem indicar um aborto espontâneo ou uma gravidez ectópica (gravidez fora do útero).
A partir das 28 semanas de gestação, o sangramento pode indicar início de parto prematuro. Neste caso, deve procurar ajuda de um profissional de imediato.
Sangramento na gravidez no primeiro trimestre
No primeiro trimestre da gravidez, as principais causas de sangramento são o aborto espontâneo e a gravidez ectópica. Outras causas possíveis são a gravidez molar e a coagulação intravascular disseminada.
A fecundação dá-se a meio do ciclo menstrual (supondo que tem ciclos regulares de 28 dias, o dia 14 seria a data da conceção). Quando o óvulo é fertilizado por um espermatozoide, inicia a sua descida pelas trompas de Falópio até à cavidade uterina onde se vai fixar e desenvolver nos próximos meses.
Quando o aglomerado de células chega ao útero e aí se implanta (perto das 3 semanas de gestação), pode originar um corrimento vaginal ou uma pequena perda de sangue. Esta situação não afeta o desenvolvimento embrionário nem coloca em risco a gravidez.
Depois de se fixarem, as células embrionárias continuam a diferenciar-se entre si para dar origem aos tecidos do corpo do bebé, à placenta (que produz a hormona hCG, detetada no teste de gravidez), ao cordão umbilical, à bolsa amniótica, à bolsa vitelina e à membrana protetora no interior do útero (córion).
No 1º trimestre, formam-se todas as estruturas essenciais à vida dentro do útero. Se ocorrer algum erro neste delicado processo, o embrião não é compatível com a vida e a natureza encarrega-se de eliminar o produto da gestação. É o que acontece quando há um aborto espontâneo.
Por outro lado, quando o aglomerado de células começa a dirigir-se para o útero, pode ficar retido nas trompas de Falópio, nos ovários, no canal cervical ou no abdómen, onde se começa a desenvolver.
Esta situação é uma complicação grave que pode colocar em risco a vida da mulher. É a chamada gravidez ectópica para a qual não existe tratamento e implica a interrupção da gravidez.
Sangramento na gravidez no segundo trimestre
O segundo trimestre de gravidez é compreendido entre as 14 e as 26 semanas da gestação (do 4º ao fim do sexto mês).
Nesta fase, o sangramento na gravidez pode indicar um aborto espontâneo tardio, assim designado quando ocorre entre as 12 e as 22 semanas de gestação.
As suas causas podem dever-se a:
- Idade materna avançada;
- Infeções crónicas;
- Dilatação cervical precoce;
- Doenças crónicas maternas debilitantes;
- Má nutrição;
- Consumo de drogas ilícitas.
As complicações de um aborto tardio são o sangramento vaginal, perfuração uterina, infeção do útero e esterilidade.
O tratamento consiste em fazer repouso na gravidez (provavelment repouso absoluto), hidratação, inibição das contrações uterinas, e cerclagem uterina.
Outras causas possíveis são:
- o descolamento da placenta ou placenta abrupta;
- rutura dos vasos sanguíneos do lado fetal da placenta;
- rutura uterina ou inversão uterina.
Sangramento na gravidez no terceiro trimestre
O terceiro trimestre decorre entre as 27 semanas e o nascimento do bebé, que pode acontecer a partir das 37 semanas de gravidez (parto de termo).
As principais causas que podem estar na origem de uma hemorragia na reta final da gestação são:
- Complicações da placenta (placenta prévia, descolamento da placenta ou placenta abrupta);
- Inserção velamentosa do cordão umbilical (rutura dos vasos sanguíneos do lado fetal da placenta);
- Rutura uterina (que resulta frequentemente na morte do bebé);
- Inversão uterina (quando o corpo do útero se inverte).
Para além destas causas, o sangramento no final da gestação também pode significar que o trabalho de parto ativo está para breve. Um dos sinais do início do parto é a expulsão do tampão mucoso, fenómeno que pode ser acompanhado por um corrimento esbranquiçado, rosado, vermelho ou acastanhado e espesso, com consistência semelhante à clara de ovo.