A infeção pelo vírus sincicial respiratório é a responsável pela maioria das infeções respiratórias das crianças, sobretudo nos primeiros anos de vida.
Vírus sincicial respiratório
O que é?
O vírus sincicial respiratório (VRS) é um vírus comum entre as crianças que compromete o normal funcionamento das vias respiratórias, sendo normalmente a causa de diversas infeções respiratórias, especialmente no inverno e na primavera. O vírus pode gerar desde uma tosse, gripe ou constipação até uma pneumonia.
“Quase dois terços dos casos de sintomas gripais, como febre e tosse são causados pelo VSR“, diz Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em declarações à Revista Crescer.
Contudo, a sua ocorrência resulta essencialmente em bronquiolites virais agudas. É “o agente infeccioso responsável por mais de 70% dos casos de bronquiolites“: pode ler-se no portal CUF.
Apesar de se verificar uma incidência muito grande e frequente do VSR nas crianças pequenas, raramente apresenta formas mais graves como a pneumonia, a não ser que façam parte da população de risco.
População de risco
Sendo este um vírus de elevado grau de contaminação, é normal que seja infetado dezenas de vezes durante a vida. À medida que a criança vai crescendo e contactando com o vírus sincicial respiratório, o seu sistema imunológico vai ganhando mais defesas, o que faz com que as manifestações clínicas vão sendo cada vez mais subtis. É precisamente por esse motivo que as crianças mais pequenas são a população de risco, nas quais o vírus pode tomar proporções mais graves.
Portanto, a população de risco são:
- Crianças com menos de um ano de idade;
- Bebés prematuros;
- Crianças com doenças pulmonares crónicas;
- Bebés com problemas cardíacos, como cardiopatia congénita.
Transmissão do vírus sincicial respiratório
A transmissão do VSR dá-se de duas formas:
- De pessoa para pessoa através de espirros, tosse ou de gotículas projetadas quando conversam;
- Através do contacto com superfícies contaminadas por pessoas infetadas – quando a pessoa espirra para uma superfície ou objeto e a outra toca no local/objeto e não lava as mãos após esse contacto, levando as mãos à boca, nariz ou olhos.
Sintomas
Os sinais que podem indicar o contágio pelo vírus sincicial respiratório podem ser facilmente confundidos com os sintomas habituas de uma constipação ou gripe, tais como:
- Febre baixa;
- Corrimento nasal;
- Infeção no ouvido;
- Tosse persistente;
- Apneia (um dos primeiros sintomas em bebés com menos de seis meses de idade);
- Dificuldade respiratória;
- Pieira (respiração ruidosa).
Os dois últimos – dificuldade respiratória e pieira – surgem entre três a cinco dias após a infeção em casos mais graves.
Almerinda Pereira, médica pediatra e presidente do departamento de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), diz, em entrevista à Sapo, que o vírus sincicial respiratório “pode originar, a longo prazo, pieira recorrente e asma”, pelo que é importante estar atento e intervir precocemente, evitando, sempre que possível, um possível contágio.
Prevenção do contágio
Para prevenir o contágio o ideal é adotar medidas preventivas de higiene, como uma frequente lavagem das mãos, tossir para o cotovelo, etc. Contudo, não são tarefas fáceis nos bebés mais pequenos. Por esse motivo, o Serviço Nacional de Saúde comparticipa, exclusivamente aos bebés prematuros, um tratamento profilático – que consiste na administração de palivizumab (um anticorpo monoclonal) – que lhes irá conferir imunização ao vírus.
O tratamento deve ser efetuado quando o vírus se torna mais ativo, que, em Portugal, acontece em outubro. A sua administração é realizada via intramuscular uma vez por mês durante cinco meses, desde o início até ao final do período de maior contágio.
A pediatra Almerinda Pereira enfatiza a importância de fazer as vacinas: “O tratamento deve ser feito até ao fim do período epidémico, de forma a garantir a imunização até março“.
De acordo com a SPP, esta terapêutica diminui cerca de seis por cento a taxa de hospitalização de crianças infetadas pelo vírus sincicial respiratório.
Dicas para proteger a criança do vírus sincicial respiratório
- Evitar contacto de crianças com adultos que apresentem sintomas de constipação ou gripe;
- Resguardar a criança de lugares com grande concentração de pessoas;
- Promover uma correta higienização das mãos;
- Se puder, faça da amamentação um aliado, já que este é conhecido pelas suas propriedades de fortalecimento do sistema imunitário da criança;
- Lavar com frequência os brinquedos, chuchas e outros objetos.