Depois do nascimento do bebé, o corpo da mulher passa por uma série de alterações para voltar à forma física que tinha antes da gestação. Uma dessas mudanças é o sangramento vaginal pós-parto, os lóquios, que visam a recuperação do útero. A duração dos lóquios varia de mulher para mulher, sendo a média de 21 dias, mas que se pode prolongar por várias semanas.
Lóquios no pós-parto
Lóquios: o que é?
Após o nascimento do bebé, quando a placenta se desprende do útero, o corpo elimina os restos de sangue, muco e tecidos da placenta, originando assim os lóquios ou fluxo pós-parto. Isso irá acontecer durante o período de contrações do útero até que este volte ao seu tamanho normal (entenda-se por “tamanho normal” a sua forma pré-natal) – cerca de 4 semanas.
A maioria das mulheres podem ficar um pouco surpreendidas pela quantidade de sangue e pela duração desta descarga. No entanto, é perfeitamente normal que assim aconteça independentemente do tipo de parto – ocorre tanto após o parto normal como depois de um parto por cesariana.
Se estiver a amamentar, a produção de ocitocina (hormona segregada pelo hipotálamo, que provoca as contrações uterinas durante o trabalho de parto e estimula a secreção do leite materno) contribui para recuperar mais rapidamente.
É ainda importante frisar que o descanso nos primeiros dias depois do nascimento do bebé é crucial para que o corpo se restabeleça e o sangramento não se prepetue por mais tempo.
Os lóquios têm sempre o mesmo aspeto?
Não. Durante a duração dos lóquios, estes passam por três fases distintas:
- 1ª fase: decorre entre os primeiros 3 a 4 dias após o parto. Os lóquios apresentarão um aspeto vermelho vivo e podem conter pequenos coágulos.
- 2ª fase: quando o revestimento do útero se solta, os lóquios passam a ser rosados ou acastanhados.
- 3ª fase: por volta do 10º dia após o parto, tornam-se amarelados ou incolores e diminuem de intensidade.
Lóquios: sinais e sintomas
Nos primeiros 3 a 4 dias verificará que a descarga tem uma coloração vermelha podendo conter pequenos coágulos. Esta coloração vai-se tornando mais rosada ou acastanhada, mantendo-se assim por cerca de 6 a 7 dias. Numa terceira fase, os lóquios perdem coloração, tornando-se amarelados ou incolores, e vão diminuindo de intensidade.
Se amamenta, pode verificar que, na hora de amamentar, o fluxo aumenta ligeiramente. Isto deve-se ao facto de a amamentação estimular a libertação da hormona ocitocina que, por sua vez, estimula as contrações uterinas, o que acelera a recuperação deste órgão.
Medidas a tomar
- Antes do parto deve abastecer-se com bastante roupa interior confortável e algumas embalagens de pensos higiénicos próprios para a maternidade ou outros que ache bem absorventes;
- Na fase inicial dos lóquios deve usar pensos higiénicos adequados a um fluxo abundante, que devem ser trocados com frequência (e com cuidados redobrados caso tenha feito uma episiotomia);
- Não deve usar tampões pois estes aumentam o risco de infeção e podem causar dor ou irritação vaginal, mesmo se não teve um parto vaginal;
- Durante esta fase deve dar tempo ao ser corpo para recuperar, não fazendo esforços e descansando;
- Deve contactar o seu médico se verificar que o fluxo é demasiado abundante com coágulos, ou se a cor se mantém vermelho vivo ao fim de uma semana, ou se sente um cheiro desagradável ou dores abdominais fortes.
Como identificar que o sangramento do pós-parto deve ser objeto de avaliação clínica?
Será necessário consultar o médico assistente se o sangramento durante o puerpério:
- exigir a utilização de um ou mais pensos higiénicos por hora;
- não diminuir nas duas primeiras semanas pós-parto e não mudar de coloração, ou seja, se continuar com a cor vermelha clara;
- na primeira semana após o nascimento do bebé voltar a ser tão abundante como nas primeiras horas após o parto (atenção que os períodos de amamentação não devem ser contabilizados, uma vez que, como referido anteriormente, quando dá de mamar, a ocitocina entra em ação e provoca um maior fluxo);
- apresentar coágulos grandes, algo que pode também acontecer depois de grandes períodos deitada;
- se os lóquios cheirarem mal e tiver febre ou arrepios.
Causas de sangramento anormal durante o puerpério
Existem várias possíveis causas para um sangramento excessivo, entre as quais:
- Fissuras ou incisões perineais;
- Rasgões vaginais;
- Hemorragias na área vaginal;
- Distúrbios de coagulação do sangue;
- Ruturas uterinas.
Este fenómeno pode também resultar de uma contração insuficiente do útero, as atonias, que acontecem especialmente em partos gemelares ou quando o trabalho de parto demorou muito tempo ou foi administrada demasiada ocitocina (para acelerar ou induzir o trabalho de parto).
Quando o útero não contrai ou a placenta não tiver sido totalmente expelida imediatamente após o trabalho de parto, no puerpério imediato, é normal que o sangramento seja mais intenso. Tal também pode ocorrer quando a recém-mamã não fez o repouso indicado pelo médico.
Além disso, também a placenta acreta pode causar um sangramento excessivo, uma vez que a placenta adere à musculatura do útero. Caso esta condição seja detetada durante a gravidez, é provavel que o obstetra recomende a realização de um parto por cesarina, para retirar a placenta manualmente ou por curetagem.
Quando não é previamente diagnosticada, esta condição pode dificultar a recuperação do útero e aumentar a probabilidade de sofrer de infeções no puerpério.
O período pós-parto é uma fase sensível e de recuperação para o seu corpo, com muitas alterações a decorrer em simultâneo e deve estar atenta a qualquer sinal que possa ser indicador de complicações.