Após o nascimento do bebé e expulsão da placenta, o seu corpo precisa de algumas semanas para recuperar da gravidez e do parto. Este período de 6 a 8 semanas designa-se resguardo, puerpério ou quarentena.
Apesar de a mulher ainda estar muito sensível e ter algumas semanas pela frente de recuperação, muitos casais não resistem a namorar nos primeiros dias após o parto. Há um prazo para voltar a fazer sexo depois do parto?
Quebra de resguardo no pós-parto
Depois do parto e antes da alta da maternidade, o seu médico poderá falar consigo sobre as alterações que irão ocorrer no seu corpo nas próximas semanas e aconselhá-la a adiar as relações sexuais e a usar um método anticoncecional.
Cerca de 6 semanas após o parto, irá realizar a consulta do puerpério, onde poderá ser receitada a pílula anticoncecional embora, se estiver a amamentar, os contracetivos orais se limitem às pílulas que são seguras durante a amamentação, como a minipílula de progesterona.
Quando voltar a fazer sexo no pós-parto?
Geralmente, o casal é aconselhado a voltar a ter relações sexuais quando a mulher se sentir fisicamente pronta. Assim, não há um tempo definido para a primeira relação sexual no pós-parto.
Normalmente, a mulher precisa de cerca de 4 semanas para recuperar da gravidez e do parto (seja parto por cesariana ou parto normal). Mas, e considerando a forma como a mulher está a recuperar, alguns médicos podem dar luz verde em duas semanas. A abordagem mais conservadora recomenda esperar 6 semanas para reiniciar a vida sexual, com penetração.
Assim, o tempo para voltar a ter relações no pós-parto varia de mulher para mulher e, exclusivamente, da decisão do casal. Não obstante, é importante envolver o médico na decisão para ter a certeza que é seguro e não ficar ansiosa com as consequências das relações sexuais.
Se for aconselhada pelo seu médico a aguardar mais uns dias, tal não implica que não possa namorar. É fundamental que haja compreensão mútua e um diálogo franco e honesto entre o casal para que encontrem novas formas de ter e dar prazer.
Porquê esperar?
Os motivos para esperar podem ser vários e dependem do modo como decorreu a gravidez e o trabalho de parto. O tempo que pode ter que esperar pode dever-se a vários fatores como:
- A necessidade de cicatrização do corte da cesariana ou da episiotomia (se realizada);
- Pode ainda estar dorida e precisar de mais tempo para recuperar;
- Os níveis de estrogénio estão mais baixos o que faz com que os tecidos vaginais continuem finos;
- A quantidade e o equilíbrio das hormonas pode provocar secura vaginal o que pode causar dor e desconforto na penetração;
- Pode precisar de mais tempo para se sentir confortável com o seu corpo;
- Pode sentir-se assoberbada com os cuidados ao bebé e o sexo não estar no topo da sua lista de prioridades.
O seu corpo nas primeiras semana pós-parto
Pontos
O corte da cesariana ou da episiotomia precisa de cerca de 3 meses para cicatrizar completamente. Se realizou uma cesariana, os pontos são retirados 7 a 15 dias após o parto. Se teve parto normal, mas precisou de uma episiotomia, os pontos cairão por si só cerca de 2 semanas após o parto.
Involução uterina e contrações puerperais
Depois do parto, o útero, a vagina e o abdómen começam a voltar ao tamanho que tinham antes da gravidez.
Nos primeiros dias, pode sentir umas dores semelhantes às dores menstruais, as chamadas contrações puerperais. A contração do útero é acompanhado por um corrimento vaginal, conhecido por lóquios.
Um banho de imersão quente ou um saco de água quente no abdómen podem ajudar a minimizar o desconforto.
Lóquios
A perda de sangue por via vaginal após o parto é denominada de lóquios. A intensidade do fluxo e a cor vão-se alterando com o tempo. Inicialmente, têm cor vermelho-vivo, tornam-se rosados passado uns dias e, depois, esbranquiçados/amarelados. Constituído por secreções uterinas e vaginais, sangue e revestimento do útero, a sua duração pode variar entre 21 dias a 2 – 3 meses.
Como os lóquios alteram o pH vaginal, a mulher fica particularmente vulnerável a infeções uterinas e vaginais.
Dores e desconforto
As relações sexuais logo após o parto podem ser dolorosas, magoar o útero e aumentar o risco de contrair uma infeção. Por outro lado, a amamentação produz alterações hormonais que poderão diminuir a lubrificação vaginal, sendo aconselhado o uso de lubrificantes.
Gravidez no resguardo
Apesar de a amamentação exclusiva até aos seis meses atrasar a ovulação e a regularização do ciclo menstrual, estar a amamentar não impede que fique novamente grávida e muitas mulheres ficam grávidas por acreditarem nisso.
A primeira ovulação depois do parto é imprevisível e pode ovular mesmo que não haja sinais de menstruação. Assim, durante este tempo, mesmo não tendo período, deve tomar medidas contracetivas para evitar uma nova gravidez.
Se não amamenta, a menstruação pode aparecer cerca de 6 a 12 semanas após o parto. Se amamenta, pode demorar 4 a 6 meses. Estes valores são médias e consigo o prazo pode ser outro.
Gravidezes seguidas
De acordo com os especialistas, e numa situação normal, o casal deve aguardar, pelo menos, 24 meses após o parto para tentar engravidar novamente. Estudos sugerem que o intervalo ideal será de 3 a 5 anos.
Duas gravidezes pouco espaçadas entre si podem ter algum impacto físico e emocional na mulher mas há alguns cuidados que pode ter se tal acontecer:
- Marque uma consulta pré-natal se desconfiar que está grávida;
- Alimente-se o melhor possível para repor as vitaminas e nutrientes que necessita para desenvolver um novo bebé e amamentar (leia o artigo Amamentação em tandem: amamentar durante a gravidez);
- Pergunte ao médico se deve fazer algum tipo de suplementação como ácido fólico ou ferro;
- Consulte um nutricionista para definir uma dieta completa e equilibrada que responda às suas necessidades nutricionais e energéticas;
- Descanse mais e evite tarefas fisicamente exigentes;
- Aprenda a gerir o seu tempo – o seu bebé vai precisar muito da sua atenção;
- Pratique exercício físico na gravidez moderado, o suficiente para lhe dar energia e não para a deixar exausta;
- Abstenha-se do tabaco e de bebidas alcoólicas.