Todas as crianças, ou quase todas, adoram pipocas. As pipocas são um snack muito prático e versátil pois agradam a pessoas de todas as idades. Não podem faltar nas festas de aniversário infantis e nas sessões de cinema. No entanto, se dá pipocas ao seu filho, tenha muita atenção, principalmente se se tratar de uma criança pequena.
Origem das pipocas
Provavelmente pensará que este alimento é recente e nasceu nos Estados Unidos, certo? Errado. Este alimento é já muito antigo, pois surgiu no continente americano há mais de mil anos! Os primeiros europeus que chegaram às Américas descreveram as pipocas, até aí desconhecidas, como um salgado à base de milho. As pipocas eram usadas pelos índios tanto como alimento como para enfeitar o cabelo!
E chegaram até aos nossos dias e um pouco a todos os recantos do planeta. As pipocas são de preparação simples e rápida, de transporte fácil e ainda muito saborosas. São, por isso, um favorito no cinema, em festas de aniversário, nos parques e mesmo em casa. Comer pipocas pode tornar-se uma verdadeira distração. Apesar de as associarmos mais às crianças, as pipocas são consumidas um pouco por todas as faixas etárias.
Casos reais de engasgamento de crianças pequenas com pipocas
Apesar do seu ar inofensivo, as pipocas podem ser um perigo para as crianças, nomeadamente de engasgamento. O risco de engasgamento com pipocas é maior nas crianças com menos de quatro anos pois nessa idade ainda não sabem mastigar adequadamente a comida. Como tal, o risco de se engasgarem com as pequenas “nuvens” brancas que resultam do aquecimento do milho, é elevado.
No decorrer do ano de 2019, dois casos de acidentes com pipocas ficaram famosos.
O primeiro caso ocorreu na Austrália, com uma menina de três anos. A mãe da menina, Cheree Lawrence costumava oferecer pipocas aos filhos como alternativa de lanche saudável. Contudo, uma das vezes, o lanche não correu bem pois a filha de três anos engasgou-se quando que comia pipocas. Perante a ameaça de asfixia, a mãe teve que levar a menina de imediato às urgências hospitalares.
No entanto, no hospital os profissionais de saúde enganaram-se no diagnóstico pois não associaram a asfixia da menina à ingestão das pipocas. Por isso, trataram o episódio como se fosse uma crise de asma. Somente após cinco semanas e várias idas ao hospital, foi feito um raio-X ao tórax da menina. O exame foi revelador pois evidenciou um fragmento de pipoca alojado num pulmão da menina. Foi necessário fazer uma cirurgia de forma retirar o fragmento alimentar do órgão. Felizmente o caso terminou bem.
Outro caso grave, mas que felizmente teve igualmente um final feliz, ocorreu nos Estados Unidos da América. O filho de dois anos de Nicole Johnson Goddard engasgou-se a comer pipocas. O incidente resultou num internamento hospitalar de quatro dias para o bebé. Foi só após dois procedimentos clínicos, em que foi necessária anestesia geral, os profissionais conseguiram extrair fragmentos de pipocas alojados no aparelho respiratório do bebé.
As pipocas são alimentos de “alto risco”
Efetivamente, a Academia Americana de Pediatria classifica as pipocas, as uvas e os cachorros-quentes como sendo alimentos “de alto risco”. Esta classificação foi já alvo de bastante polémica. Há alguns anos, a entidade recomendou que o FDA (Food and Drug Administration, o órgão norte-americano que fiscaliza medicamentos e alimentos) fosse mais severo com a indústria. Com o intuito de proteger os mais pequenos, a academia solicitou que a indústria alimentar indicasse os alimentos que pudessem causar asfixia.
O que faz das pipocas um alimento tão perigoso?
As pipocas são potencialmente perigosas pois os grãos duros de milho no interior podem causar diversos danos. Se uma criança engolir um grão inteiro, este pode ficar preso na sua traqueia. Segundo os especialistas, este órgão não se encontra ainda totalmente desenvolvido em crianças com menos de quatro anos de idade.
Com efeito, a traqueia nestas idades apresenta um espaço minúsculo. Se um grão de milho de pipocas ficar preso na traqueia, a criança pode não conseguir expeli-lo. Além disso, para os bebés até aos dois anos de idade o caso pode ser mais grave pois ainda não possuem dentes pré-molares. Consequentemente, isto vai impedir uma boa mastigação. Assim, os grãos das pipocas podem escorregar diretamente para o aparelho respiratório.
Outros alimentos podem também provocar asfixia em crianças pequenas
O alerta para a asfixia nas crianças não fica pelas pipocas pois há outros alimentos igualmente perigosos.
Este é o caso das nozes, avelãs, amêndoas, amendoins e outros frutos de casca rija. Estes alimentos são potencialmente perigosos pois podem desfazer-se em muitos pedaços na boca. Isto pode ser perigoso pois podem não ser engolidos de forma correta.
Os feijões e rebuçados são também alimentos que oferecem riscos, pois podem ser engolidos inteiros e provocar engasgamento.
Podem ser ainda incluídas na lista de comidas perigosas para os miúdos as azeitonas, frutos com caroços e peixes com espinhas.
É preferível servir esses alimentos já cortados e, no caso dos peixes, com as espinhas retiradas. É trabalhoso, mas é necessário adotar estes cuidados e fiscalizar a alimentação das crianças para que evite o pior.
Mas não se assuste. À medida que crescem, as crianças têm cada vez mais capacidade física para ingerir alimentos diferentes e com texturas e tamanhos maiores. Portanto, o risco de asfixia por ingestão de alimentos irá diminuir.
O que fazer se uma criança se engasgar com pipocas ou outro alimento
No seu manual de primeiros socorros para situações de emergência nas escolas, a Direção-Geral de Educação (DGE) oferece informações sobre a asfixia e como proceder nestes casos. Porém, se a situação não for controlada, a ida ao hospital é fundamental ou deve-se ligar para o número 112. Confira as orientações da DGE:
Sinais e sintomas
Conforme a gravidade da asfixia, os sintomas podem ir desde um estado de agitação, lividez, dilatação das pupilas (olhos), respiração ruidosa e tosse, a um estado de inconsciência, com paragem respiratória e cianose (tonalidade azulada) da face e extremidades. Se isso se verificar, a situação é grave e requer intervenção imediata!
Como agir
Segundo um manual do INEM, se a criança tossir eficazmente, não são necessárias outras manobras. Neste caso encoraje a tosse mas vigie a criança continuamente.
Se a criança está consciente, mas não tosse ou esta é ineficaz:
Deve gritar por ajuda de imediato e avaliar o estado de consciência. Terá que adotar outra técnica. Basicamente se uma técnica não funcionar deve passar-se a outra.
- Lactentes: podem ser utilizadas pancadas nas costas e compressões torácicas. Deste modo, poderá causar a deslocação e saída do objeto que causa a obstrução.
- Crianças com mais de 1 ano : usar pancadas nas costas e compressões abdominais. O objetivo de qualquer das manobras recomendadas é provocar um aumento súbito da pressão intra-torácica, pois pode provocar uma “tosse artificial” e desobstruir a via aérea.
O que não fazer
Abandonar o asfixiado para pedir auxílio