Difteria: esta doença soa-lhe a sinónimo de erradicação, a tema fora de moda? Se sim, este artigo é para si.
Porquê? Porque apesar de parecer uma doença totalmente erradicada, com vacina desde há largas dezenas de anos, desde a criação do Plano Nacional de Vacinação (PNV), a difteria continua à espreita…
O que é a difteria?
A difteria é uma doença infeciosa causada por uma bactéria conhecida como Corynebacterium diphtheriae. Esta doença afeta principalmente a garganta e as vias aéreas superiores. Segundo a Direção-Geral de Saúde, difteria provoca frequentemente lesões nas amígdalas, laringe e nariz.
Esta doença poderá ainda causar danos noutros órgãos, pois a bactéria Corynebacterium diphtheriae produz toxinas. Assim, estas toxinas que são conhecidas como exotoxinas podem atingir o coração, rins e sistema nervoso.
Embora a doença seja hoje em dia bastante rara em Portugal devido à massificação da administração da vacina, a qual é integra o PNV, a imigração de cidadãos de países onde esta não está disponível em massa, tem importado alguns casos.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, nos últimos anos têm-se sempre registado na União Europeia algumas dezenas de casos anualmente. Assim, a comunidade médica receia, pois, que a prevalência da difteria na União Europeia volte a ser uma realidade.
Quem pode ser afetado?
A difteria pode ocorrer em qualquer idade, em pessoas que não estejam protegidas contra a doença. No entanto, a idade mais prevalente são os 6 anos de idade.
Os bebés com menos de seis meses de idade raramente contraem a doença pois até mais ou menos essa altura ainda beneficiam da proteção recebida da mãe durante a gestação.
Quais são os sintomas da difteria?
Após um período de incubação de 2 a 5 dias, a criança infetada começa a manifestar sintomas de difteria.
Os primeiros sintomas consistem em febre ligeira e um mal-estar generalizado. Simultaneamente ou depois podem surgir:
- Dores de garganta
- Febre de 38 a 40º
- Dificuldades em engolir
- Formação de placas brancas acinzentadas nas amígdalas
- Hálito fétido
- Dores de cabeça
- Náuseas
- Tosse de “cão”
- Dificuldades em respirar
- Corrimento nasal com pus
- Inchaço dos gânglios no pescoço
Embora seja menos comum, difteria pode ainda atingir a pele, as zonas genitais e urinárias. Contudo, é mais comum que tal suceda em zonas com climas mais quentes.
Como é diagnosticada?
O diagnóstico desta doença é feito através da recolha e cultura de amostras de secreções nasais ou da faringe.
Qual é o tratamento para a difteria?
Normalmente, o tratamento tem como objetivo travar os efeitos prejudiciais das toxinas produzidas pela bactéria Corynebacterium diphtheriae. Para esse efeito, são administrados são administrados medicamentos para neutralizar essas toxinas.
Nos casos mais graves, a criança é hospitalizada nos cuidados intensivos e nestes casos a recuperação costuma ser lenta. A criança recuperada poderá ficar com mazelas.
Os antibióticos são usualmente reservados para pessoas que tenham estado em contacto com doentes com difteria com o intuito de prevenir o desenvolvimento da doença.
A difteria pode causar complicações?
Sim. A doença é potencialmente fatal pois pode originar complicações bastante graves, como:
- Obstrução das vias aéreas e eventualmente asfixia, devido à placa formada nas amígdalas
- Pneumonia
- Insuficiência cardíaca provocada pela formação de toxinas
- Falência renal
- Paralisias musculares, especialmente dos músculos da faringe, boca e músculos
- Encefalite (muito rara)
Como se processa o contágio?
Como mencionámos acima, a difteria é uma doença altamente contagiosa. Efetivamente, um doente com difteria poderá contagiar outras pessoas até cerca de 4 semanas após estar curado.
O contágio desta doença pode ser feito feito mediante o contacto com gotículas de saliva da pessoa infetada, proveniente de espirros e tosse.
Adicionalmente, a partilha de roupas, louça, talheres e outros itens com uma pessoa infetada poderão também constituir um fator de contágio.
É preciso ter em conta que algumas pessoas infetadas mantêm-se saudáveis. Portanto, um portador da doença saudável poderá transmiti-la sem sequer se aperceberem.
Prevenção da difteria
A difteria é uma doença perfeitamente evitável, através da vacina. A vacina contra esta doença faz parte do PNV desde 1965 e é administrada juntamente com a vacina contra o tétano e a tosse convulsa. Denomina-se DTPa ou tríplice. A vacina DTPa é então administrada nas seguintes idades/ocasiões, segundo as recomendações do PNV:
- Primovacinação: 2, 4 e 6 meses de idade
- Reforço: 18 meses, 5, 10, 25, 45, 65 anos de idade; de 10 em 10 anos após os 65 anos de idade
- Grávidas
A partir dos sete anos de idade é administrada a vacina Td (Tétano e Difteria), com uma dose reduzida de difteria. Isto destina-se a evitar reações graves. Os reforços da vacina Td de 10 em 10 anos destinam-se a manter a imunização.
Os viajantes devem verificar se a vacina está em dia, recomenda a Organização Mundial de Saúde. Se tal não estiver, deve ser tomada até 10 dias antes da viagem.
A vacina é, regra geral, bem tolerada. As reações à toma da mesma podem, contudo, incluir febre e inflamação no local da sua administração.