A gravidez é um período único e muito especial. Durante os nove meses em que se desenvolve o bebé dentro útero, o corpo da mulher passa por enormes transformações físicas e emocionais. No entanto, durante esta fase, a grávida pode ficar particularmente suscetível a várias doenças, infeções e incómodos.
Saiba o que pode fazer para prevenir e evitar certas doenças na gravidez. Assim, poderá viver este período mágico em pleno.
Diabetes gestacional
A diabetes gestacional é uma forma de diabetes que só aparece durante a gravidez. Ocorre quando o corpo não produz quantidades suficientes de insulina para regular eficazmente o açúcar no sangue. Manifesta-se, na maior parte dos casos, entre a 24ª e a 28ª semana da gestação. Na maioria dos casos, desaparece após o nascimento do bebé.
Prevenção
- Antecedentes familiares de diabetes gestacional devem ser comunicados ao médico que acompanha a gravidez;
- Cuidar da alimentação (comer bastante fruta, legumes e cereais integrais, reduzir o consumo de açúcares e fazer a suplementação de ácido fólico);
- Fazer exercício físico regularmente;
- Controlar o aumento de peso (antes e durante a gravidez);
- Poderá ser-lhe recomendado medir os níveis de glicose em casa.
Infeções TORCH
TORCH é o acrónimo usado para a designação de um conjunto de transmissíveis de mãe para filho durante gravidez. Além de poderem afetar o decurso da gravidez, podem ainda causar malformações fetais. O risco para o feto varia consoante o tipo de infeção e a fase da gravidez.
As infeções TORCH designam:
T = toxoplasmose,
O = outras,
R = rubéola,
C = citomegalovírus,
H = herpes simples
Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma doença causada por um parasita, Toxoplasma gondii, que infeta humanos. A toxoplasmose é uma das doenças da gravidez que deve ser evitada a todo o custo. Se tal suceder, a infeção pode ser transmitida ao feto com consequências graves, como cegueira e problemas mentais . O parasita da toxoplasmose pode ser encontrado nas fezes dos gatos, no solo e em alimentos crus infetados.
Prevenção
- Fazer o rastreio de imunidade à toxoplasmose
- Não manipular caixas de areia de gatos
- Cozinhar completamente a carne
- Não consumir carne, peixe ou marisco fumado, cru ou malpassado
- Lavar muito bem a fruta e os legumes
- Não consumir queijos e outros produtos láteos não pasteurizados
- Usar luvas se fizer jardinagem e depois lavar as mãos
Rubéola
A rubéola é uma infeção viral causada por um ARN vírus, sendo o ser humano o seu único reservatório. A rubéola não é mais grave na mulher grávida do que na não grávida. Contudo é uma das doenças na gravidez que podem causar problemas graves no feto. Contudo, se a mãe for infetada por rubéola na gravidez, pode originar defeitos congénitos no bebé (surdez e encefalite) e malformações cardíacas.
Prevenção
- Evitar o contacto com crianças com sintomas respiratórios ou similares a gripe;
- Evitar trabalhar com crianças com menos de 3 anos de idade;
- Tomar medidas de proteção individual e manipular sempre com muito cuidado produtos de sangue, agulhas e outros objetos cortantes;
- Evitar a proximidade ou contacto íntimo com adultos portadores de doenças contagiosas, com febre ou que tiveram febre recentemente;
- Lavar as mãos frequentemente e, quando possível, esfregar as mãos com álcool em gel depois de dar a mão a uma pessoa e antes de comer.
As vacinas vivas, como é o caso da vacina contra o sarampo, a papeira e a rubéola, não são recomendadas na grávida. Aconselhe-se com o seu médico sobre a vacinação. Se não estiver imunizada e ainda não estiver grávida, pode ser vacinada contra a rubéola antes de engravidar e deixar passar 3 meses antes de tentar engravidar.
Citomegalovírus
O citomegalovírus ou vírus citomegálico humano (CMV) é um vírus da família dos herpesvírus. É transmissível através de fluídos corporais contaminados, como a urina e fezes, secreções vaginais e respiratórias e ainda por via sexual. Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças como uma gripe ou uma infeção na garganta, nomeadamente febre, fadiga, gânglios inchados ou dores de garganta.
Prevenção
- Lavar as mãos regularmente e, quando possível esfregar as mãos com álcool em gel;
- Evitar o contacto com os fluidos que transmitem o vírus;
- Usar sempre preservativo masculino de látex colocado corretamente;
- Considerar os riscos associados às tatuagens;
- Não usar objetos pessoais que se possam contaminar com sangue;
- Evitar contacto íntimo ou próximo com crianças com sintomas respiratórios ou similares a gripe, ou erupção de pele ou se a criança tiver menos de 3 anos;
- Evitar contacto com a saliva da criança com sintomas respiratórios ou similares a gripe, ou erupção de pele ou se a criança tiver menos de 3 anos no momento da alimentação.
Herpes simplex
O herpes simplex (HS) é um ADN vírus da família dos herpes vírus, apresentando dois subtipos. Um dos subtipos, o herpes simplex 1 (HS1), é o principal agente causal de herpes labial; o herpes simplex 2 (HS2) é o principal agente causal do herpes genital, uma das infeções de transmissão sexual mais comuns, transmissível por contacto direto.
O vírus herpes simplex está entre os agentes patógenos que podem agredir a mulher durante a gravidez. Este vírus é causa uma das doenças na gravidez com potenciais problemas graves no feto. Em caso de infeção, o feto pode desenvolver microcefalia, hidrocefalia, coriorretinite e microftalmia. A mortalidade é muito elevada e as sequelas graves nos bebés que sobrevivem.
Prevenção
- Abstinência sexual (oral, vaginal ou anal);
- Usar sempre preservativo masculino de látex colocado corretamente;
- Evitar sexo oral recetivo com um portador de herpes oral e relações sexuais no 3º trimestre se o parceiro for portador de herpes genital.
Listeriose
A listeriose é uma infeção provocada pela bactéria listeria monocytogenes que existe espalhada na natureza (terra, lamas, poeiras, vegetais, silos e furragens).
Prevenção
- Não comer nenhum alimento à base de leite não pasteurizado;
- Não comer carnes, mariscos ou peixes crus;
- Cozinhar muito bem as carnes;
- Lavar muito bem em água corrente frutas, verduras e ervas aromáticas usadas na confeção das refeições.
Pré-eclampsia
A pré-eclâmpsia ocorre somente na gravidez, geralmente na segunda metade da gestação, depois das 20 semanas e durante o período imediatamente a seguir ao parto (no puerpério – período que decorre entre o nascimento até 28 dias após o parto).
É uma causa importante de restrição do crescimento fetal de mortalidade perinatal. A pré-eclâmpsia provoca partos prematuros. O estado de uma percentagem reduzida de grávidas com pré-eclâmpsia agrava-se até ao ponto de sofrerem convulsões. Trata-se então de eclâmpsia.
Nos casos ligeiros poderá ser administrada medicação à grávida. Nos casos graves, se a grávida estiver perto do fim da gravidez, poderá ter o parto induzido. Contudo, se estiver numa fase mais precoce poderá ter que ter a gravidez interrompida.
Prevenção
- Consumir pouco sal
- Beber muita água e evitar bebidas com álcool e com cafeína
- Fazer exercício regularmente
- Evitar fritos e comida rápida
- Elevar os pés várias vezes ao dia
- Descansar o suficiente
- Doses reduzidas de aspirina ou cálcio, vitaminas C e E, e ácido fólico, podem ajudar na prevenção
Síndrome Hellp
A síndrome Hellp é uma doença na gravidez que se apresenta grave, de difícil diagnóstico mas, felizmente raríssima. Acontece na gravidez e durante o período que se segue imediatamente ao parto.
Este problema é, pois, uma forma de pré-eclâmpsia grave. Pode causar a destruição dos glóbulos vermelhos, compromisso do fígado e da coagulação do sangue. Pode provocar também insuficiência renal ou edema agudo no pulmão na mãe e parto prematuro. Nalguns casos poderá ainda ser necessário interromper a gravidez.
Prevenção
- Prevenir a evolução da pré-eclâmpsia para síndrome de Hellp
- Análises laboratoriais para diagnóstico precoce
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.
Referência: New Jersey Perinatal Associates; Serviço Nacional de Saúde; Healthy Children.org