O parto pré-termo, ou nascimento antes do tempo, pode suceder em gestações consideradas de baixo risco ou ser uma ocorrência antecipada durante a gravidez devido a antecedentes maternos ou a complicações decorrentes da própria gestação.
Parto pré-termo
Quando é considerado um parto pré-termo?
Trabalho de parto pré-termo (PPT) é aquele que se inicia antes de estar completada a 37ª semana de gravidez e depois de ser atingido o tempo de gestação tido como limite inferior da viabilidade, o qual se pode situar entre as 22 e as 28 semanas de gestação.
De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), o limite inferior da viabilidade fetal situa-se na 20ª semana (meio da gravidez).
O parto pré-termo implica a assistência adequada por uma equipa médica multidisciplinar e instalações equipadas para prestar os cuidados intensivos necessários que garantam a segurança da mãe e do bebé.
Causas do trabalho de parto pré-termo
O nascimento antes do tempo pode dever-se a vários fatores:
- Parto pré-termo espontâneo (início precoce das contrações uterinas e da dilatação do colo);
- Rotura prematura das membranas (bolsa de águas);
- Anomalias da placenta (descolamento, placenta prévia, placenta baixa, insuficiência placentária);
- Anomalias uterinas (útero septado, útero bicórneo, fibromiomas, incompetência cervico-ístmica);
- Hiperdistensão uterina (gravidez de gémeos, hidrâmnios);
- Infeção extra-uterina (como infeção urinária, vaginite);
- Decisão clínica relacionada com doenças debilitantes maternas e/ou fetais (mal formações do tubo neural, doenças metabólicas);
- Trabalho físico excessivo ou que exija longos períodos em pé.
Classificação da prematuridade do bebé
- Muito grande prematuro: menos de 27 semanas
- Grande prematuro: 28–32 semanas
- Prematuro tardio: 34–37 semanas
A primeira preocupação relativa a um bebé prematuro é a imaturidade pulmonar, condição responsável por várias complicações. Caso não se verifiquem contra-indicações, a gravidez pode ser prolongada pelo menos até a aceleração maturativa pulmonar do feto estar completada.
Sobrevivência neonatal
Atualmente, graças à vigilância pré-natal, muitos problemas e complicações podem ser prevenidos, diagnosticados e tratados, melhorando as condições para um trabalho de parto seguro e prestada a assistência clínica especializada à mãe e ao seu bebé recém-nascido após o nascimento.
Estatisticamente, a taxa de sobrevivência neonatal no caso de parto pré-termo situa-se nos seguintes valores [1]:
- 24 semanas – 50%
- 26 semanas – 80%
- 28-29 semanas – superior a 90%
- 32 semanas – 97% (a mortalidade e as sequelas definitivas são muito baixas)
Sinais de alarme de parto pré-termo
Se a gestante sentir algum dos sintomas abaixo deve ir ao médico com urgência para identificação de possível parto pré-termo:
- Algias (dor) pélvicas (constantes ou intermitentes);
- Lombalgias – dor na região lombar da coluna – (constantes ou intermitentes);
- Pressão pélvica;
- Algias (dor) abdominais;
- Modificação / aumento do fluxo vaginal mucoso, que se torna mais fluído;
- Contrações uterinas regulares a intervalos menores de 10 minutos, com ou sem dor.
Será realizado um exame pélvico que consiste na observação com espéculo (instrumento médico também usado no exame Papanicolau para manter a vagina aberta) e no toque vaginal.
O toque vaginal é o ato clínico mais importante perante a suspeita de trabalho de parto pré-termo. Através do toque, é avaliado a posição, comprimento e consistência do colo do útero.
Se o colo está amolecido e encurtado, deverão ser tomadas medidas preventivas como repouso no leito (que diminui a frequência e a intensidade das contrações, melhora o fluxo útero-placenta e alivia a pressão do bebé sobre o colo do útero), abstinência sexual e prescritos fármacos com atividade tocolítica.
As relações sexuais aumentam o risco de desencadeamento de contrações, dado que o esperma contém prostaglandinas e que o útero se contrai durante e após o orgasmo.
Parto com segurança
O parto pré-termo pode justificar a presença do pediatra na sala de partos com o objetivo de impedir ou minimizaras sequelas neurológicas resultantes da asfixia intraparto que estão na origem da morte ou sequelas como a paralisia cerebral e o
Bibliografia: Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica de Manuela Néné, Rosalina Marques, Margarida Amado Batista, Carlos Sequeira – LIDEL, Lisboa, 1ª edição impressa: outubro de 2016; A Bíblia de Bolso da Gravidez de Hollie Smith – Edição Livros Horizonte, junho de 2013
[1] Goldenberg RL. The management of preterm labor. Obstet Gynecol 2002; 100:1020; Arias F. Pratical guide to hight-risk pregnancay and delivery, 2ª edição, ap. 4. Mosby-Year Book, St. Louis, 1993