Com o aumento generalizado de implantes mamários, muitas mulheres grávidas se deparam com esta dúvida: “tenho implantes mamários: posso amamentar”? Pesquisar a internet poderá ser infrutífero pois pode encontrar informação contraditória e ficar ainda mais confusa. Qualquer cirurgião plástico provavelmente dirá que os implantes mamários não afetam em nada a amamentação. Por outro lado, outros dirão que os implantes mamários afetam a produção de leite, por exemplo.
Assim, pomos procurar as impressões de vários profissionais de saúde sobre este assunto.
Sim, pode amamentar com implantes mamários. Mas…
A resposta unânime é sim, pode amamentar com implantes mamários. Mas os implantes mamários poderão afetar a capacidade de produzir todo o leite materno suficiente para alimentar o bebé.
Portanto, a produção total ou parcial de leite materno por uma mãe com implantes mamários depende de aspetos relacionados com o procedimento cirúrgico:
- O tipo de cirurgia e a extensão de danos provocados nos nervos e tecido mamário
- Se os ductos mamários foram afetados ou parcialmente removidos
- A quantidade de tecido produtor de leite funcional (glândulas) existente antes e depois da cirurgia para colocar os implantes mamários
Contudo, uma amamentação bem sucedida irá depender de uma boa pega, do posicionamento, de saber como estimular uma maior produção leite e até a motivação da mãe.
Vejamos os fatores da cirurgia de colocação implantes mamários que devem ser tidos em consideração:
Local da incisão
A posição do corte (incisão) utilizada para inserir os implantes mamários afetam os danos efetuados aos nervos, tecido mamário e glândulas mamárias. As incisões na aréola são mais propensas a causarem danos nos nervos responsáveis pela sensibilidade dos mamilos. Deste modo, a mãe pode perder a sensibilidade mamária que é essencial para acionar o reflexo de libertação e de produção de leite. Quando o bebé começa a sugar o mamilo, o nervo é acionado e envia um sinal para o cérebro para libertar as hormonas prolactina (que desencadeia a produção de leite) e a ocitocina (que desencadeia a libertação do leite).
Técnica cirúrgica
A técnica cirúrgica utilizada também afeta a quantidade de leite produzido. As técnicas que implicam incisões debaixo da mama ou nas axilas são consideradas como tendo menos impacto na produção de leite. Já as que implicam corte à volta do mamilo, através do umbigo ou do abdómen causam perda de sensibilidade e mais danos ao tecido mamário e glandular.
Posição e tamanho dos implantes mamários
Estes fatores podem afetar a pressão exercida na mama. Se os implantes mamários forem colocados entre o tecido glandular (produtor de leite) e a camada muscular, pode causar pressão sobre as glândulas e ductos mamários, interferindo assim com o fluxo de leite. Simultaneamente, dá-se ainda uma menor produção de leite. Se os implantes mamários forem colocados atrás da camada muscular, o impacto pode ser menor sobre a produção de leite. Por outro lado, há estudos que indicam que quanto maiores forem os implantes, menor será a sensibilidade dos mamilos e aumenta a pressão sobre as glândulas mamárias.
Maior ingurgitamento mamário
Assim, as mulheres com implantes mamários correm um risco acrescido de ingurgitamento mamário e de mastite. O tecido da cicatrização pode causar rigidez e dor na mama e atingir os ductos mamários, afetando o fluxo de leite. Os problemas com o fluxo de leite podem causar ingurgitamento mamário e mastite.
Concluindo:
Embora possam experienciar alguns problemas, as mulheres com implantes mamários podem perfeitamente amamentar. Não existem estudos suficientes que comprovem que o silicone dos implantes passe para o leite materno.
Contudo, devido aos possíveis danos causados pela cirurgia, a produção e fluxo de leite materno podem ser diminuídos. Por isso, nestes casos é importante que os bebés sejam acompanhados de forma a garantir que estão a aumentar de peso como esperado. Poderá ser necessário que o bebé faça uma suplementação com leite de fórmula.
De qualquer forma, não se esqueça que qualquer quantidade de leite materno beneficiará o seu bebé.
Referência: Breastfeeding.Support; CDC; Hopkins Medicine