Não é preciso sublinhar a importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento. As crianças aprendem todas as bases que irão ajudá-las a moldar a sua personalidade e a viver em sociedade. A vida social é um dos pilares fundamentais desse desenvolvimento. Mas… como fica a vida social dos miúdos na pandemia? Inexistente? Limitada ao núcleo familiar? Não necessariamente.
Tradicionalmente, as crianças passam a maioria dos anos de infância na escola. É lá que os miúdos aprendem a ser seres pensantes, mas também seres sociais. É na escola que aprendem a fazer amigos, a sentirem-se incluídos e a resolverem os seus conflitos com eles. Aliás, os humanos necessitam da interação social. É a nossa natureza. Nós vivemos em comunidade.
Como é afetada a vida social dos miúdos na pandemia
Não há dúvidas que esta pandemia irá marcar o desenvolvimento social e emocional dos miúdos que a estão a viver em primeira pessoa. Uma análise recente a estudos sobre o desenvolvimento infantil indica que a pandemia “poderá bem ameaçar o crescimento e desenvolvimento das crianças”. Isto é problemático pois “quanto mais as experiências adversas, maior o risco de atrasos no desenvolvimento e problemas de saúde na idade adulta…”, lê-se na análise.
Muita da pressão e nervosismo que se vive na pandemia está muito ligada ao facto de os miúdos não poderem socializar da forma como costumam fazê-lo. Os miúdos ficaram desprovidos da sua rotina e da possibilidade de praticarem as suas competências sociais. Adicionalmente, a escola à distância contribui para aumentar essa pressão.
Mas há soluções. Talvez não sejam as ideais, poderão de alguma forma minimizar os potenciais danos ao desenvolvimento social e emocional dos miúdos.
5 dicas para promover a vida social dos miúdos na pandemia
Melhorar a comunicação com os miúdos
Este ponto é fundamental. Sabemos que é muito difícil para as famílias no mundo inteiro estarem fechadas entre quatro paredes. Os miúdos provavelmente levarão muitos pais à insanidade. É normal. Tanto o medo que causa o vírus, como o confinamento causam tensão e nervosismo.
Compete aos pais gerirem esse stress da melhor forma e uma boa comunicação é essencial. É fundamental que tranquilizem os miúdos sobre a situação atual falando abertamente e numa linguagem acessível à idade deles. Ouça o seu filho atentamente. Preocupe-se. Esclareça dúvidas, tranquilize-o, dê conselhos, sorria-lhe, procure ser positivo.
É preciso também mais paciência (muita!). Veja bem: se para nós adultos é (muito) difícil, imagine como é para os miúdos. De um dia para o outro, deixaram de poder ir à escola, de brincar com os amigos, de correr e saltar, de fazer planos.
Criar rotinas e mantê-las
E pegando na última frase da dica 1, uma forma de minimizar a perda abrupta da rotina do seu filho, é criando outra. E mantê-la. É importante que os miúdos saibam como vai ser o seu dia. Dá-lhes segurança e uma sensação de normalidade.
Assim, devem levantar-se e ir dormir à mesma hora, ter as refeições à mesma hora, tempo para estudar, ter aulas online e brincar. Vai criar neles um sentimento agradável de antecipação e de tarefa cumprida. Vão ficar ansiosos por terminar os trabalhos de casa, sabendo que de seguida vão poder conversar com os colegas na plataforma Teams, ver um filme ou brincar.
Socializar online
Mais uma vez, pegando na dica 2, é importante que a vida social dos miúdos na pandemia continue a fluir. Os amigos são fundamentais, mas as brincadeiras, as coreografias de grupo, os jogos de futebol estão temporariamente impossibilitados.
Contudo, há outras coisas que se pode partilhar com os amigos…só que à distância de um ecrã. E não se limita a videochamadas para trocar impressões. Há muito que se pode fazer, como uma aula de dança online em conjunto, jogar nas consolas em sintonia, fazer trabalhos manuais e até os trabalhos de casa juntos. Claro que não é perfeito, longe disso. Nada substitui o contacto cara a cara. Contudo, é o que há, e neste ponto a evolução tecnológica tem sido extremamente positiva. Há portanto que tirar o melhor proveito!
Claro que não precisamos lembrar que é importante estabelecer limites.
Sair de casa com os miúdos
O tal passeio “higiénico” é fundamental para toda a família. É realmente importante que troquem o pijama pelo fato de treino e as pantufas com cara de gatinho pelas sapatilhas. Os miúdos devem sair de casa para exercitarem um pouco, apanhar ar fresco, verem que o mundo deles continua lá fora, à espera deles. Que eles vão (assim esperamos) voltar a conviver cara a cara com os amigos, colegas, professores e até a receber aquela bolachinha da dona da pastelaria local.
Assim, procure dar um passeio diário com os miúdos e se tiver a sorte de ter um espaço verde ou natural à porta de casa, deixá-los lá correr e brincar. Além disso, a atividade física pode fazer milagres pelo nosso (mau) humor!
Partilhar experiências com o resto da família
E claro que não podemos deixar partilhar experiências com os miúdos. E como este artigo está mais centrado na vida social dos miúdos na pandemia, podem partilhar experiências com outros familiares ou amigos à distância. Podem, por exemplo, combinar um encontro semanal com a família no Zoom, ou outra plataforma. Quanto mais casas entrarem, mais divertido. Podem criar desafios ou concursos e depois mostrá-los e votar online. Mas há muito mais alternativas a fazer à distância com o resto da família ou amigos chegados, como ler ou contar histórias em conjunto, aprenderem uma canção e até escreverem um conto em grupo.
O importante é que os miúdos saibam que a família está longe mais perto, continua a gostar deles e que a partilha de vivências e experiências continua.
Fontes: National Center for Biotechnology Information; Shondaland; The Conversation; USA Today Tech