A prisão de ventre é um problema relativamente comum na infância. Considera-se prisão de ventre a ida irregular à casa de banho e quando as fezes da criança são duras. A dificuldade em evacuar é outra característica deste problema. Assim, há que combater a prisão de ventre na criança.
Contudo, há que lembrar que existem grandes diferenças na consistência das fezes e na frequência das idas à casa de banho de criança para criança. É importante, pois, saber mais sobre os sintomas e causas da prisão de ventre, assim como distinguir os sinais de alarme.
Existem três fases na vida da criança em que esta é mais propensa a sofrer prisão de ventre:
- Bebé, quando inicia a diversificação alimentar, ou seja deixa a alimentação exclusivamente a líquidos e passa a integrar sólidos
- Aos 2-3 anos de idade, quando a criança começa a deixar as fraldas e inicia o treino do bacio,
- Cerca dos 6 anos de idade, quando a criança inicia o 1º ano da escola
Sintomas de prisão de ventre na criança
Os sintomas de prisão de ventre podem variar de criança para criança pois, como vimos, a frequência de evacuação e consistência das fezes também difere. Alguns dos sintomas incluem:
- Não evacuar pelo menos 3 vezes no decorrer da semana anterior
- Dor abdominal
- Fezes de tamanho grande e consistência dura e seca, ou às “bolinhas” também duras e secas
- Dificuldade em evacuar
- Falta de apetite ou dor abdominal que melhora após a criança ter evacuado
Causas
As causas para a prisão de ventre podem ser várias. Este problema ocorre principalmente quando o produto que leva às fezes ou as próprias fezes se movimentam com demasiada lentidão pelo aparelho digestivo. Isto faz com que as fezes se tornem duras e secas. Vejamos algumas das causas:
- Alimentação desadequada: casos em que a criança não consome fibra suficiente, presente nos cereais integrais, fruta e legumes. A fibra é fundamental para um bom trânsito intestinal.
- Desidratação: o consumo insuficiente de líquidos. Muitas crianças necessitam de 3 a 4 copos de água por dia. Este problema explica a prisão de ventre nos bebés que iniciam a diversificação alimentar.
- Problemas com o treino do bacio: se a criança iniciar o treino do bacio cedo demais para ela, poderá resistir à vontade de evacuar e reter as fezes. Se isto se tornar um hábito, pode ser difícil de alterar
- Reter as fezes: isto acontece quando a criança, por exemplo, não quer interromper uma brincadeira para ir evacuar ou porque não gosta de usar casas de banho públicas. Outra das razões pode ser o facto de ser doloroso evacuar devido à prisão de ventre. Assim, a criança retém as fezes para não ter que passar por outra dolorosa experiência.
- Sedentarismo: há um grande número de crianças sedentárias em Portugal, o que contribui para um trânsito intestinal mais lento
- Hereditariedade: se a criança tiver um ou mais familiares que sofram de prisão de ventre torna-se mais propensa a desenvolver este problema. Isto pode dever-se não só a fatores genéticos, mas também ambientais.
- Alergia ao leite de vaca: tanto este fator, como o consumo exagerado de laticínios podem provocar prisão de ventre.
- Medicação: há medicamentos como os antidepressivos, por exemplo, que poderão contribuir para este problema.
- Problema de saúde: embora seja raro, pode indicar algo mais sério como uma malformação anatómica, problema no sistema digestivo ou metabólico ou outro.
- Mudança de ambiente: se a criança for de férias, mudar de casa ou iniciar a escola primária, por exemplo, muda também o ambiente de evacuação. Na escola poderá ter que esperar para ir à casa de banho. Estes fatores contribuem para a prisão de ventre.
Combater a prisão de ventre na criança
Existem várias medidas que pode adotar em casa para combater a prisão de ventre na criança. Além disso, estas medidas são também aplicáveis na prevenção deste problema. Vejamos:
- Beber muita água. A hidratação é fundamental para a criança ter fazes moles e mais frequentes. Dê-lhe bastante água durante o dia.
- Evite os refrigerantes. Além de conterem quantidades enormes de açúcar, alguns têm muita cafeína. É o caso das colas e dos chás gelados (ice-tea)
- Alimentação rica em fibra. Garanta que a criança tem uma alimentação equilibrada e saudável e rica em fibra. A criança deve consumir diariamente pelo menos cinco porções de fruta e legumes. Prefira os cereais integrais aos processados.
- Restringir os alimentos processados. As refeições com comida rápida, como hamburgueres, pizzas, cachorros-quentes, francesinhas e outros, são extremamente processados. Além de não serem nada saudáveis, tornam a digestão mais lenta, contribuindo assim para a prisão de ventre
- Praticar atividade física. As crianças fisicamente ativas facilitam assim o trânsito intestinal. Leve a criança para espaços ao ar livre com maior frequência para que ela possa brincar e correr livremente.
- Hábitos regulares de evacuação. Se a criança não evacua com regularidade, procure estabelecer uma rotina. Assim, tente que ela permaneça no bacio ou sanita pelo menos 10 minutos, 2 vezes ao dia, para tentar evacuar. Após as refeições é uma boa altura para tal.
Sinais de alarme
Embora na grande maioria das vezes a prisão de ventre não seja razão de preocupação maior, existem exceções. Efetivamente, há sinais de alarme que a criança pode manifestar, aos quais deve estar atento.
Assim, se adotou as medidas indicadas para combater a prisão de ventre na criança e não funcionam, há que consultar o pediatra. O mesmo de aplica se a prisão de ventre durar há mais de 2 semanas.
Se além da prisão de ventre a criança manifestar os seguintes sintomas, leve-a também ao medico:
- Febre
- Vómitos
- Perda de peso
- Fezes com sangue
- Hemorragia anal
- Barriga inchada
- Líquido na pele que rodeia o ânus
Referência: NHS; WebMD; Mayo Clinic; The Royal Children´s Hospital Melbourne
A informação presente neste artigo não pretende, de qualquer forma, substituir as orientações de um profissional de saúde ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Assim sendo, perante qualquer incómodo, aconselhamos que se desloque ao seu médico assistente a fim de obter o diagnóstico e tratamento adequado.