Quarentena, resguardo ou puerpério são as designações atribuídas ao período que decorre entre a expulsão da placenta (3ª fase do trabalho de parto) e as primeiras seis a oito semanas pós-parto.
Além dos cuidados ao bebé, a mãe precisa de cuidar de si própria. Em breve, o seu corpo vai retomar à forma anterior à gravidez, a produção hormonal estabiliza, as dores vão passar e vai sentir-se com mais energia.
Quarentena: mitos e verdades
As primeiras seis a oito semanas após o parto são essenciais para recuperar da pressão a que esteve sujeita nos últimos meses. Para além do esforço físico de gerar um bebé, provavelmente, viveu um período de emoções intensas e, agora que está com o seu bebé em casa, precisa de descontrair e gozar o momento.
Sintomas físicos no pós-parto
- Lóquios: após o parto terá um corrimento vaginal semelhante ao período menstrual. A cor e o fluxo vão-se alternado ao longo do tempo;
- Fadiga;
- Dor, desconforto e dormência no períneo, se teve parto normal e tem pontos (resultado de uma episiotomia);
- Dor e sensibilidade no local da incisão, se fez cesariana;
- Prisão de ventre e hemorroidas;
- Perda de volume abdominal;
- Desconforto nos seios até a amamentação se estabelecer;
- Dores no fundo das costas;
- Dores nas articulações;
- Queda de cabelo no pós-parto;
- Pouco interesse pelo sexo ou, pelo contrário, aumento do desejo sexual;
- Entusiasmo, melancolia ou alterações entre os dois estados de espírito.
Quarentena: mitos e verdades
O período de quarentena é propício a alguns mitos. Muitos deles, herdados de gerações antigas, onde a fase do pós-parto era rodeada por superstições em relação ao estado da mulher que ficava praticamente isolada do mundo e a canja de galinha.
A amamentação funciona como método contracetivo
Mito!
A primeira ovulação depois do parto é imprevisível e, apesar de haver valores médios para a primeira menstruação não deixam de ser apenas isso, médias:
- Se não amamenta, a menstruação pode aparecer cerca de 6 a 12 semanas após o parto; se amamenta, pode demorar 4 a 6 meses.
Apesar de a amamentação exclusiva até aos 6 meses atrasar a ovulação e a regularização do ciclo menstrual, estar a amamentar não impede que fique novamente grávida.
Assim, durante este tempo, mesmo não tendo período, deve tomar medidas contracetivas para evitar uma nova gravidez.
A mulher não pode lavar a cabeça nos dias a seguir ao parto
Mito!
Pode lavar a cabeça logo no dia do parto, se assim o desejar.
No resguardo a mulher não pode fazer exercício físico
Mito!
Se teve um parto vaginal sem complicações e não sofre de nenhum problema de saúde grave que condicione a sua recuperação, poderá voltar ao seu plano de exercício físico quando já não tiver dores. Comece com calma, para ganhar energia e não ficar exausta.
O exercício físico tem, também, a vantagem de aumentar a produção de endorfinas, o que vai deixá-la ainda mais bem disposta. Antes de começar o seu plano de exercícios, aconselhe-se com o seu médico.
A vagina fica diferente depois do parto vaginal
Mito!
Muitas mulheres receiam que o parto vaginal alargue a vagina e que o prazer sexual seja, assim, diminuído. Contudo, o parto não altera a estrutura da vagina.
Para fortalecer e tonificar os músculos pélvicos, continue com os exercícios de Kegel no pós-parto. Para além de reforçarem os músculos da zona pélvica, ajudam a recuperar o controlo da bexiga, prevenindo a incontinência urinária.
Amamentar deixa o peito caído
Mito!
A forma das mamas é definida por fatores genéticos. Ainda assim, usar bons soutiens durante a gravidez, que sustentem o aumento do tamanho do peito, e durante a amamentação, ajudam a manter o peito mais firme.
Fazer exercício físico regularmente aumenta a massa muscular e tonifica todo o corpo o que acaba por se refletir, também, na sustentação das mamas.
O leite da mãe pode ser fraco e não alimentar o bebé
Mito!
Segundo os especialistas, não existe leite materno fraco. Mesmo quando a aparência do leite materno se assemelha a “água de lavar o arroz“, não há alimento para o bebé que seja mais rico e ajustado às suas necessidades.
Se a mulher tiver peito pequeno não produz leite suficiente
Mito!
Não há relação direta entre o tamanho do peito e a produção de leite pela mulher. Se as glândulas mamárias estiverem bem desenvolvidas, ela terá o leite necessário para alimentar de forma satisfatória o seu bebé.
Os homens não sabem cuidar de bebés
Mito!
Hoje em dia, os homens estão cada vez mais envolvidos nos cuidados ao seu bebé e a importância disso mesmo reflete-se na licença parental. Na verdade, a única coisa que os homens não podem realmente fazer é amamentar; todos os restantes cuidados podem ser prestados pelo pai.
Cuidar do bebé também é uma forma do pai se sentir incluído na nova família, criar laços com o bebé e partilhar a responsabilidade de cuidar dele. Para além disso, é uma forma de apoiar a mulher numa fase em que, também ela, precisa de muita atenção, estabilidade e tempo para recuperar.
A quedo do cabelo pode aumentar a seguir ao parto
Verdade!
As alterações hormonais no pós-parto estão na origem da queda acentuada de cabelo, particularmente, entre os 3 e os 12 meses. O stress provocado pelo parto, o cansaço acumulado e uma alimentação desequilibrada podem agravar o problema.
Mas, com os cuidados certos e uma alimentação saudável e equilibrada, o seu cabelo rapidamente recupera.
É normal sofrer de prisão de ventre no resguardo
Verdade!
Para evitar a prisão de ventre aumente a ingestão de água e de alimentos ricos em fibra. Faça pequenas caminhadas para estimular os movimentos intestinais. Se sentir desconforto, dor e dificuldade em evacuar, fale com o seu médico.
Amamentar ajuda a perder peso
Verdade!
Amamentar emagrece porque a produção de leite consome muitas calorias. Quando amamenta o seu bebé, gasta cerca de 600 a 800 calorias por dia o que, ao fim de 30 dias, pode representar a perda de 2 quilos.
As contrações do útero são mais fortes em mulheres que já tiveram filhos anteriormente
Verdade!
À medida que o útero se contrai nos primeiros dias após o parto, poderá sentir umas dores semelhantes às dores menstruais. As contrações do útero (contrações puerperais) no pós-parto são mais fortes com o segundo filho e com os filhos seguintes porque o útero está mais distendido, o que dificulta o regresso do útero ao tamanho anterior à gestação.
Cuidados no pós-parto
Quando procurar ajuda médica?
- Se tiver sinais de infeção na sutura abdominal;
- Temperatura acima dos 38º C (sintoma de infeção);
- Vómitos ou náuseas;
- Ingurgitamento mamário;
- Alterações de humor como sentimento de tristeza constante, elevados níveis de ansiedade ou pensamentos negativos sobre si e o bebé (depressão pós-parto).