Três especialistas desmistificam alguns dos mitos da fertilidade frequentemente associados à dificuldade em conceber um bebé. Entre eles, que a pílula dificulta a conceção ou que a mulher continua a ser fértil durante o período menstrual.
Mitos da fertilidade esclarecidos por especialistas
Para desmistificar certos mitos que ainda persistem associados às dificuldades em engravidar, três especialistas esclarecerem algumas confusões ao La Razon.
São eles Buenaventura Coroleu, presidente honorário da Sociedade Espanhola de Fertilidade (SEF) e membro do comité científico; Victoria Verdú, coordenadora da Clínica de Genecologia Ginefiv e Rita Vanessena, diretora científica do Centro de Eugin.
Verdades e mitos da fertilidade
1. Tomar a pílula
Segundo estes especialistas é falso que os métodos contracetivos afetem a fertilidade, porque os seus efeitos ficam anulados quando se interrompe a toma.
O que pode acontecer é que depois de parar de tomar a pílula, o ciclo menstrual seguinte seja mais irregular, diz Victoria Verdú: “Depois de parar de tomar a pílula, a ovulação pode demorar mais no mês seguinte. Talvez seja este facto que confunde as pessoas.”
2. Idade
Os fatores socioeconómicos podem atrasar a maternidade e a idade avançada pode trazer alguns riscos à gravidez, mas não eliminam a possibilidade de engravidar.
Se há uns anos atrás, ter filhos depois dos 40 anos podia parecer impensável, atualmente isso mudou. Mesmo que não seja através de métodos naturais, com a ajuda de técnicas de reprodução assistida pode ser possível.
3. Stress
Sobre o facto do stress interferir com a fertilidade, as opiniões dividem-se: Buenaventura Coloreu acredita que “deve existir algum fator que bloqueie e possa afetar (a fertilidade)”; as duas outras especialistas não vêm nenhuma relação direta.
“Não existem provas claras que indiquem que o stress na vida quotidiana tenha efeito direto na fertilidade”, explica Rita Vassena. No entanto, a especialista reconhece que tem observado que quanto mais longo é o processo de infertilidade, mais altos são os níveis de stress.
4. Alimentação
Há alimentos que favorecem a fertilidade e outros que dificultam a conceção? Uma alimentação saudável é sempre melhor. Mas a influência alimentar na fertilidade parece ser mais visível nos homens do que nas mulheres.
Um estudo recente do Centro de Pesquisa Biomédica da Rede – Fisiopatologia da Obesidade e Nutrição, confirma que uma dieta rica em ácidos gordos e antioxidantes melhora a qualidade do esperma. Já o consumo excessivo de chá pode prejudicar, afirma Buenaventura Coroleu.
Victoria Verdú defende que mulheres com síndrome dos ovários poliquísticos podem beneficiar de uma dieta baixa em hidratos de carbono.
Pelo contrário, há estudos que comprovam que mulheres que consumiam mais de 500 miligramas de café por dia demoraram mais 11% a engravidar.
5. Ovulação
De acordo com um estudo, elaborado pela Clinica Ginefiv, mais de 57% das mulheres que querem engravidar não sabe os seus dias férteis e não controla a ovulação.
Desse mesmo estudo, 98% das mulheres referiram que nunca realizaram nenhuma análise para consultar a sua reserva ovárica, o que demonstra que a grande maioria não tem conhecimento real da sua capacidade reprodutiva.
A maior probabilidade de engravidar ocorre quando um casal tem relações sexuais um ou dois dias antes da ovulação, ou no próprio dia da ovulação. Ter um dia programado pode ser stressante mas é importante ter relações durante a ovulação.
Os especialistas também apontam que grandes períodos de abstinência sexual (superiores a oito ou dez dias) podem prejudicar o processo porque afeta a qualidade do esperma.
6. Menstruação
Este mito está relacionado com a ideia de que as mulheres são férteis durante o período menstrual: os três especialistas afirmam que é isto totalmente falso e que, em média, cinco anos antes da chegada da menopausa – o que pode ocorrer por volta dos 50 anos – é muito difícil conseguir uma gravidez com os seus próprios óvulos, apesar de a mulher continuar a menstruar.
7. Desporto
E a prática desportiva melhora a fertilidade? Os três especialistas são unânimes em afirmar que fazer desporto não se traduz em fertilidade mas que a sua prática excessiva pode atuar de forma negativa na capacidade de conceber um filho.
Segundo Victoria Verdú, “O exercício extremo não é bom nem para a fertilidade nem para o estado de saúde geral. Adicionalmente, tem-se observado que grandes esforços físicos pode baixar a qualidade do esperma nos homens”.
Buenaventura Coroleu acrescenta que “a alta competição pode ter consequências na qualidade da ovulação.”
8. Peso
O peso interfere na fertilidade do casal quer seja em excesso quer seja por baixo peso. Segundo os três especialistas, está mais do que comprovado que a obesidade diminui a fertilidade. O mesmo se passa com o baixo peso (índice corporal abaixo de 18,5).
Por isso, a crença de que ser magra aumenta a fertilidade é um mito. Se o IMC é normal (entre 18,6 – 24,9), o peso não tem influência na capacidade de conceber. Assim, perder peso só é benéfico para a fertilidade quando há excesso de peso.